Chegamos ao fim do antepenultimo dia do Festival com o musical “Boulevard, 83”. Antes vamos a uma justifictiva, eu sempre entendi o nome da peça como um endereço de um local, e como em todo endereço, eu coloco uma vírgula após o nome do local. Não que alguém tenha me questionado isso, mas é melhor justificar antes que o façam.
Agora vamos a minha avaliação pessoal sobre este musical. Eu já cheguei a elogiar o diretor, ator, produtor Leandro Bacellar por esse trabalho que ele realizou com apoio da Lei de Incentivo Cultural Vila Velha Cultura e Arte. Já cheguei a elogiar vários dos atores que estão em cena com ele, principalmente a atriz e cantora Nivia Carla, pelo seu fantástico desempenho. Sou muito grato por Leandro e Luana Eva, que estão na produção, nos darem este raro musical. Sim raro, pois senão me engano, somente tivemos dois anteriores a este no estado (se teve outros, eu ainda nem convivia com teatro, por isso me perdoem), mas não posso deixar passar alguns pontos fracos do trabalho.
Se eu tivesse avaliado o trabalho quando o assisti no Theatro Carlos Gomes, há uma semana atrás, teriam sido muitos os pontos, mas como eu esperava, houve uma melhora substancial, mas coisas não me agradaram. Um exemplo é no que deveria ser um solo da personagem Marrie, cuja a fraqueza da voz da atriz, houve um grande coros atrás, na intenção de ajuda-la. Artíficio interessante, mas quando ela faz o dueto com a personagem Zac, percebemos que falta muito para a atriz melhorar. Já do outro lado, o antagonista da história parece um ator canastrão, e seus gestos pontuados, sem o minimo de naturalidade, me lembravam uma marionete, ainda mais que ele parecia perdido com as mãos, sem saber o que fazer com ela. Ponto para o ator Allan Toni que se sai otimamente como Lee, mas espero por ele em outros papéis sem serem caricatos, acredito que seja uma grande revelação nos palcos. Os outros atores em cena não comprometem em nenhum momentos, cada qual dando características interessantes as suas personagens. Hoje (18/10/2009), eles pareciam se divertir com a peça, coisa que não vi no fim de semana anterior, o que deixou o musical menos cansativo, mas mesmo assim, ao meu lado, falaram que estava longo demais, talvez devido as cenas que não faziam sentido e só serviam para contar histórias da peça.
“Boulevard, 83” é divertida? Sim, com certeza! Se eu recomendaria? Teria minhas rstrições, mas eu mesmo já assisti quatro vezes (é imperdível o solo de Joe Jocker), então porque não recomendar! Existem momentos nela que são memoráveis, como seu final, que hoje teve a interrupção inapropriada do – ainda acredito que seja – ator Eliezer de Almeida, que por falta de apreciar mais os espetáculos capixabas (quem se diz nascido aqui e pareciador de teatro, deveria ir assistir mais peças locais!), entrou antes da conclusão do musical. Tremendo despreparo! Ponto para o ator Werlesson Grassi, que nos fez o favor de retirar o entrometido do palco, e parabéns para ele e Stace Mayka, que estão ótimos com suas caras pintadas (desculpe, mas não vou chama-los de clown).
Agora prossiguemos com a programação do sétimo e penúltimo dia do Festival. Começando com Teatro de rua do Grupo Olho da Rua, de Goiás. Eles se apresentarão na Praça Costa Pereira, as 12:00, com a peça “O Giro da Criatura”. Já à noite, as 19:00, no Theatro Carlos Gomes, se apresenta a peça “Auto da Defunta Nua”, sem elenco definido, mas com produção do Grupo Taruiras Mutantes. As 20:00, no Teatro José Carlos de Oliveira, no Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, acontece a apresentação de “Besouro, Cordão de Ouro”, do Rio de Janeiro, e fechando à noite, no Teatro Universitário, no Campus da UFES, a Cia. Visse-Versa de Ação Cênica, do Acre, apresenta “Piquenique no Front”, as 21:00.
Vale sempre lembrar que, para retirada do ingresso, precisa estar na bilheteria do teatro que escolher a partir das 13:00, mas para o teatro de rua, basta comparecer ao local da apresentação. Abaixo as fichas técnicas e as sinopses dos espetáculos. Bom espetáculo para todos!
O GIRO DA CRIATURA - GO
Direção - Grupo Olho da Rua, com participação de Constantino Isidoro na primeira fase
Elenco: Diógenes de Carvalho, Lenita Caetano, Rita Alves, Valéria Vieira.
Horário: 12:00
Local: Praça Costa Pereira, Centro
Sinopse:
O espetáculo O Giro da Criatura narra a trajetória de Constança e Zé Olegário, seus encontros e desencontros. Constança viaja pelo mundo desde menina. Quer entender porque ele é tão desigual. Em suas andanças, ela conhece personagens que representam o povo humilde e estabelece uma relação de aprendizado com todos, aspecto que valoriza a cultura popular. No outro ponto da história está Zé Olegário, um homem sem esperança que fala mal da vida e almeja a morte. E a Morte misteriosa surge para transportar Zé para outra dimensão. Contudo, antes, em um giro da vida, Zé encontra Constança, quando surge um recíproco encanto entre eles. Desse encontro reacende a quase apagada chama de vida de Zé, e ele novamente gira.
Depois, acontece um segundo encontro entre Constança e Zé. O encanto mútuo impulsiona a história dos dois, e a vida gira, pois o mundo gira. Nesse universo das narrativas populares, o grupo Olho da Rua propõe o encontro do real com o sobrenatural para narrar a saga do homem em sua dualidade: o bem e o mal, transfigurados nas figuras de Deus e do Diabo. Ao mesmo tempo em que o público testemunha esse encontro, ele é confrontado com suas crenças e superstições e convidado a celebrar. A interpretação não realista, os adereços, figurinos, sons e cheiros criam um universo onde o poético, o maravilhoso o simbólico surgem como um convite a memória do espectador.
AUTO DA DEFUNTA NUA - ES
Peça: Auto da Defunta Nua
Direção: Maurício Paroni de Castro
Assistente de direção: Renato Rosati
Texto: Sérgio Sant'Anna
Participação especial em vídeo: Sérgio Sant'Anna
Horário: 19:00
Local: Theatro Carlos Gomes, Centro
Sinopse:
Uma personagem provoca o seu próprio criador ao fazer um strip tease diante dele, momentos antes de suicidar-se. Em foco está o espírito de vanguarda do Século XX. No palco desenvolve-se o drama das justaposições de papéis sociais geradas quando se enxerga a própria identidade através de referências ideológicas e moralizações. O velório despudorado de Ersília Drei, protagonista do drama, é encenado por uma volúpia literária radicalmente criadora que age em sentido contrário à decomposição da vida que, aparentemente, ela traz consigo. A dramaturgia do espetáculo foi elaborada pelo escritor Sérgio Sant'Anna, baseada na obra de Luigi Pirandello. O escritor também contracena com a atriz, em participação em vídeo projetado durante o espetáculo.
BESOURO, CORDÃO DE OURO - RJ
Texto, músicas e letras:Paulo César Pinheiro
Direção:João das Neves
Direção Musical:Luciana Rabello
Assist. de Direção: Bya Braga
Elenco: Alan Rocha, Anna Paula Black, Cridemar Aquino, Gilberto Santos da Silva "Laborio", Iléa Ferraz, Letícia Soares, Marcelo Capobiango / Maurício Tizumba, Raphael Sil, Sérgio Pererê Valéria Monã, Victor Alvim "Lobisomem",William de Paula,Wilson Rabelo.
Horário: 20:00
Local: Teatro José Carlos de Oliveira, no Centro Cultural Carmélia Maria de Souza
Sinopse:
O espetáculo faz homenagem a Manuel Henrique Pereira, o Besouro Cordão-de-Ouro ou Besouro-Mangangá, maior capoeirista de todos os tempos da Bahia. Suas estórias são contadas através de outros mestres capoeiristas conhecidos como Canjiquinha, Bimba, Barroquinha, Caiçara, Budião, Rosa Palmeirão, Dora das Sete PortasePastinha. O palco se transforma numa grande roda de capoeira com atabaques, berimbaus, pandeiros e caxixis. Primeiro texto para teatro de Paulo César Pinheiro, grande poeta da MPB, que também compôs músicas e letras inéditas para o musical, Besouro Cordão-de-Ouro tem direção geral de João das Neves e direção musical de Luciana Rabello.
Na peça, caixotes de madeira perfurados lembram um mercado,balaios espalhados pelo chão funcionam como poltronas e painéis com versos das letras das músicas do espetáculo, inspirados no poeta Gentileza, transformam com teatralidade o ambiente dos personagens, fazendo com que a platéia participe das cenas. O elenco, todo composto de atores negros, foi escolhido em workshops. Besouro, nascido em Santo Amaro da Purificação (BA), deixou seu nome gravado nas rodas de capoeira por esse Brasil inteiro. Envolvido em política, impunha respeitoetemor aos poderosos daquele princípio de século XX na velha Bahia. Sua vida virou lenda.
PIQUENIQUE NO FRONT - AC
Texto: Fernando Arrabal
Direção: Nonato Tavares
Elenco: Lenine Alencar, Cláudia Toledo, Diego Batista, Yuri Montezuma, Dino Camilo, Sandra Buh.
Horário: 21:00
Local: Teatro Universitário, Campus da UFES
Sinopse:
É uma crítica à guerra. O Senhor e a Senhora Tépan resolvem fazer um piquenique com seu filho, o soldado Zapo, em pleno front de batalha. É neste cenário que se passa a história "Piquenique no Front", peça de teatro escrita pelo autor espanhol Fernando Arrabal, uma das referências do Teatro do Absurdo. O mais interessante é a forma como o casal se porta em relação à situação, encarando-a como um "belo passeio no campo". Um espetáculo mágico e de grande riqueza de detalhes e símbolos, onde o inusitado impressiona a todo o momento, de maneira bem humorada, mostrando como nada é impossível quando se busca a paz, ainda que em meio a uma guerra.
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