Ontem (13/10/2009), decidi por não criticar a comissão organizadora do Festival, mas hoje (14/10/2009) não posso deixar passar.
No dia de ontem, durante a retirada de ingressos, os responsáveis pela organização, para desimpedir o local ao lado do Theatro Carlos Gomes, fez com que a fila seguisse por trás do teatro, tirando uma grande maioria da sombra para encarar o sol do meio-dia e fazendo com que os transeuntes, que não tinham nada a ver com os interessados pelo Festival, tivessem de passar pela rua, já que a calçada estava toda ocupada. Já no dia de hoje, deu para perceber que a democracia não existe mais, pois depois de encarar mais duas filas, uma para pegar o ingresso e outra para entrar no Teatro Universitário, na UFES, você – por mais que chegasse cedo – não tinha o direito de sentar aonde desejasse, pois os melhores lugares já estavam reservados para a Comissão Organizadora e seu convidados, enquanto este caro divulgador das artes cênicas capixaba precisou se acomodar em um canto a esquerda do palco, graças a organização pífia da Comissão, que por final terminou atrasando o espetáculo da Cia. Inconsciente em Cena, “Óidipus, Filho de Laios – A História de Édipo Rei Pelo Avesso”, em meia hora.
Mas apesar desta organização ditatorial, e consegui ver um grande trabalho cênico da Companhia.
A peça se baseia na tragédia grega Oidipus Tirannos (também conhecida como Édipo Rei), de Sófocles. O dramaturgo grego a escreveu por volta de 427 A.C., e agora o psicanalista, dramaturgo e diretor teatral Antonio Quinet, junto com outras mentes pensantes, a adapta para os dias atuais. As ideias de interpretação continuam, com a existência do coro, muito evidente no período helênico em que Sófocles viveu e o recurso de máscaras e outros objetos cênicos para a encenação. Esta releitura tem o uso de recursos mais atuais, como uma gravação no começo da peça (achei muito artificial) da voz de Laios, teclados elétricos e o uso de violão. Mas os “atores-pesquisadores” (como se referem no blog da peça) demonstram um ótimo trabalho profissional, com expressões corporais de muito bom gosto. Apesar do nu, ele não é gratuito, pois todos (com exceção de duas atrizes), têm o dorso nu, tanto homens quanto mulheres. A peça é pesada, pois fala de romance cujo as atuais religiões acham execráveis, mas que no período em que foi escrita era bem real, apesar de não aceita. Sem contar com a intervenção do diretor no final do trabalho, fora do contexto, o trabalho tem uma atuação muito boa dos integrantes, a iluminação é bem executada e a sonoplastia em tempo real ganha corpo, como um terceiro elemento em cena.
Isso foi o que eu consegui ver no segundo dia do Festival, que promete muita coisa pela frente.
Já pro terceiro dia (15/10/2009), teremos trabalhos de rua e de palco.
Começaremos com Teatro de rua no Mercado da Vila Rubim, aonde a Cia. Pombas Urbanas reapresenta “Histórias Para Serem Contadas”, ao 12:00. Já na Escola de Teatro e Dança FAFI, o Grupo XIX de Teatro reapresenta o trabalho cênico “Hysteria”. Já no palco do Theatro Carlos Gomes teremos a apresentação de “Dinossauros… Ou Ainda é Hoje”, com direção de Altair Caetano, as 20:00, enquanto na Praça Costa Pereira, as 21:00, a Cia. Candongas e Outras Firulas apresentará “As Grandes Lonas do Céu”.
Vale lembrar que, para retirar seu ingresso na bilheteria do teatro, precisa estar lá as 13:00. Seguem abaixo as sinopses com suas respectivas Fichas Técnicas:
HISTÓRIAS PARA SEREM CONTADAS - SP
Peça: “Histórias Para Serem Contadas”
Texto: Oswaldo Dragún
Direção: Hugo Villavicencio
Elenco: Adriano Mauriz, Paulo Carvalho Júnior, Juliana Flory, Marcelo Palmares, Ricardo Big e Natali Santos
Local: Mercado da Vila Rubim, Vila Rubim
Horário: 12:00
SINOPSE:
Um grupo de atores vai de cidade em cidade. Toca e canta de praça em praça, representando o jogo da vida. Numa linguagem vibrante, eles contam histórias incríveis de pessoas comuns. Falam de um homem que virou cachorro e do camelô que ganhava a vida no grito e morria de dor de dente. Com humor e violência as histórias revelam situações absurdas criadas na luta pela sobrevivência que pipocam e desaparecem. A rua, palco do espetáculo, é o cenário cotidiano destas tragédias, comédias e dramas urbanos que muitos não querem ver.
Com texto do dramaturgo argentino Oswaldo Dragún, escrito em 1957, e direção de Hugo Villavicenzio, "Histórias Para Serem Contadas" revela situações absurdas repletas de humor e violência em torno da luta pela sobrevivência que pipoca e desaparece diariamente numa metrópole como São Paulo.
HYSTERIA
Peça: Hysteria
Criação, pesquisa de texto e figurinos: Grupo XIX de Teatro
Direção: Luiz Fernando Marques
Elenco: Evelyn Klein, Mara Helleno, Janaina Leite, Juliana Sanches e Sara Antunes
Local: Escola de Teatro e Dança FAFI
Horário: 16:00
SINOPSE:
No final do século XIX, nas dependências de um hospício feminino carioca, cinco personagens internadas como histéricas revelam seus desvios e contradições - reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses buscavam adequar a mulher a um novo pacto social. Cenicamente, abdica-se do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação, optando-se por um espaço não convencional, no qual a platéia masculina é separada da platéia feminina que é convidada a interagir com as atrizes. Esta interação, aliada a textos previamente elaborados, gera uma dramaturgia híbrida, única a cada apresentação.
DINOSSAUROS...OU AINDA É HOJE
Peça: “Dinossauros… Ou Ainda é Hoje”
Autor: Santiago Serrano
Direção geral: Altair Caetano
Elenco: Maria Alice Costa e Othoniel Cibien
Local: Theatro Carlos Gomes
Horário: 20:00
SINOPSE:
O espetáculo fala da sensibilidade e da busca da felicidade num mundo cada vez mais opressor. Sentimentos como ingenuidade e ternura caracterizam os personagens Silvina e Nicolas, verdadeiros seres em extinção, como dinossauros. E para não desaparecer, para voltar a ter esperança, o casal precisa inventar o futuro possível. Os dois lutam para escapar da rotina que os oprime.
AS GRANDES LONAS DO CÉU
Peça: As Grandes Lonas do Céu
Texto e Direção: Fernando Limoeiro
ELENCO: Antônio Rodrigues, Cláudia Henrique, Guilherme Théo, Gustavo Bartolozzi, Raquel Castro, Wagner Vasconcelos.
Local: Praça Costa Pereira
Horário: 21h
SINOPSE:
"As Grandes Lonas do Céu" é da Companhia Candongas e Outras Firulas, de Minas Gerais, que possui quase 15 anos de estrada e 13 espetáculos de repertório. O espetáculo é uma homenagem ao circo tradicional brasileiro e mostra a realidade triste e, ao mesmo tempo, fantástica dos Circos Tradicionais. No espetáculo, o grupo faz uma reflexão sobre essas formas populares do circo que excursionam pelas cidades do interior e periferias dos grandes centros urbanos, levando sua arte de estética própria. A maioria tem um número reduzido de artistas, se comparada às grandes companhias circenses. Seis atores contam as dificuldades enfrentadas pelo Circo Teatro Mandacaru Sonhadoras, na década de 60, com a chegada da televisão no sertão nordestino. Eles resgatam ao público, o encantamento do picadeiro, dos números de palhaços, malabarismo, de mágicos, da dança, da música e dos melodramas.
Qualquer alteração na programação é de responsabilidade da Comissão Organizadora do Festival. Bom espetáculo para todos!
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