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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ator quase se mata

Como são as coisas. Quando um ator está em cena, quer que ela seja o mais real possivel, para que o público acredite no seu trabalho. São meses de ensaio, de “busca” da personagem, trabalho corporal, com objetos de cena, tudo na intenção que o trabalho seja o melhor.

No sábado (06/12/2008), em um teatro de Viena, na Aústria, um ator consegue quase tornar seu trabalho real demais.

Daniel_Hoevels O ator Daniel Hoevels (foto ao lado), da Thalia Teather Company, de Hamburgo, na Alemanha, cortou a garganta com uma faca de verdade, numa cena final de suícidio na peça Mary Stuart, de Friederich Schiller. A técnica havia comprado a faca numa loja local e havia esquecido de cegá-la antes da cena, culminando no acidente que poderia ter sido fatal, de acordo com o médico que o atendeu.

O público, sem saber o que acontecia, aplaudiu de pé, ao ver a performance do ator e os “efeitos especiais”, mas como ele demorou a se levantar, foi atendido imediatamente e encaminhado para o hospital local. Após dar os pontos no ferimento, no domingo, o ator retornou ao palco para continuar seu trabalho: “O show precisa continuar!”, ele disse.

O sonho de todo ator (pelo menos alguns que eu conheço) é morrer podendo fazer aquilo que gosta. Se ele puder morrer em cena, sem sofrer, seria uma dádiva. Depois de Molière ter quase falecido em cena durante a apresentação de “O Doente Imaginário” (mas veio a falecer horas depois, em casa), eu já ouvi muitos dizendo que gostariam de terminar como ele. Acho eu que não seria desagradável, estar dando um pouco de si para o público  e depois de fazê-los felizes ou de fazê-los chorarem, sentar num canto, fechar os olhos e descansar, para todo sempre, sabendo que deixou uma parte tua ali.

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