Bem, em março de 2012 começaram as apresentações teatrais na capital do estado do Espírito Santo, Vitória. Não tenho exatamente o primeiro espetáculo que iniciou a temporada, mas muitos podem achar meio tarde para o começo, só que poucos entendem que a capital, centro deste estado da região sudeste pouco conhecido, pois tem sua existência ofuscada pelos estados que fazem fronteira, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, que são conhecidos pelo trabalhos cenico-teatrais que são desenvolvidos por lá. Mas alguns poderão achar que é devido a fraqueza dos trabalhos teatrais que possuímos, só que se engana quem pensa isso, nosso problema vem de outro lado e é devido a falta de apoio.
Tá, a capital tem uma das leis de incentivo culturais mais conhecidas dentro e fora do Espírito Santo, a Lei Rubem Braga, mas esta mesmo só apóia quem ela deseja apoiar e quando acha certo a apoiar. A Lei Rubem Braga existe desde 1998 e já colocou várias peças teatrais nos palcos da capital, além de incentivar o Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, mas somente a três ou quatro anos atrás que a capital veio a ter um teatro que poderia ser considerado do muncípio, pois a maioria das peças tinham somente um local para estrear, o Teatro Galpão.
OK, há algum tempo atrás eu já me lamentei com o fechamento do Galpão e reclamei muito da atitude do governo municipal que ao invés de apoiar, dediciu por fechar um local como o teatro, mas hoje ao passar na frente e ver aquela placa de Aluga-se na frente e lá dentro, brincando com o cachorro, o dono do local, José Augusto Loureiro, me deixou extremamente enervado. Por quê? Bem, Loureiro abriu o Teatro Galpão com a intenção de termos um local para as apresentações de teatro na capital. No teatro já estiveram em cartaz peças de dentro e de fora do estado. No palco do Galpão pudemos ver todas as peças da personagem de Milson Henriques, Marly, as peças teatrais com a personagem de Wilson Nunes, Melanie, além de outros trabalhos maravilhosos da mais variada gama de artistas que possuímos, mostrando que na capital temos pessoas capazes de levar da comédia ao drama com muito talento. O Grupo Teatro Galpão estreou seu primeiro trabalho teatral “Quase Famosos” lá, além de outras peças do grupo, como “Rosa Negra”.
Estou me concentrando em falar do Galpão, pois do Edith Bulhões (antigo SCAV) não há mais o que falar, já que o nosso querido e amado Governo Federal – na época administrado pelo “queridinho do povo” Lula – demoliu o prédio e lá se encontra um terreno sem uso no qual uma placa indica que será construido um prédio da Receita Federal. Já o Galpão ainda se encontra em pé, e apesar das tentativas de alugar o local para seitas cristãs, continua inerte e sem nenhuma atividade.
Alguns podem se perguntar: e o que pode ser feito? Bem, podemos começar pelas leis de incentivo, senão elas, as próprias secretaria municipal e estradual de Cultura, na intenção de abrir casas de espetáculos, apoiar a abertura do Teatro Galpão para que possamos continuar a promover trabalhos no local.
Tá, Vitória/ES tem o Theatro Carlos Gomes e o Teatro José Carlos de Oliveira, que são respectivamento, do Estado do Espírito Santo e da Prefeitura Municipal de Vitória, mas a agenda do Carlo Gomes não permite uma peça teatral completar uma temporada no palco, podendo ficar somente um final de semana, pois no outro pode ser que o palco seja ocupado – ou não – por uma peça de fora do estado, o que rende mais dinheiro, já que os ingressos, ao contrário dos espetáculos capixabas que cobram R$ 20,00, tem o valor de R$ 50,00 ou R$ 60,00, num preço mínimo. Ok, existem também o Teatro do SESI e o Teatro Universitário, só que ambos os locais são extremamente caros para poder colocar uma peça para estear e manter temporada por lá. SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM para aquele que entendeu, pois o Teatro Universiário é um teatro da Universidade FEDERAL do Espirito Santo e mesmo assim cobra um preço absurdo para que uma peça local possa estrear lá.
Mas e as tais leis de incentivo? Bem, se levarmos em conta que os valores dos bônus são cortados praticamente a metade, as dificuldades das trocas deles,ter dinheiro para poder pagar o valor de pelo menos um mês em cartaz se torna impossível. Mas por que um mês? Bem, me mostre uma pessoa – ou um grupo de pessoas – que monte um trabalho, se dedique a ele por um ano e espere que este trabalho só dure três ou dois dias e – talvez – nunca mais o veja montado, pois nem todas são selecionadas para o Festival Nacional de Teatro e as vezes, agendar para fora da capital é muito mais complicado, devido a falta de locais para apresentação, já que nem todas as Prefeituras Municipais achem a cultura de sua cidade importante foco de investimento.
Alguns poderão achar absurdo o que eu direi agora, mas tenho uma teoria da conspiração a respeito do fechamento do Teatro Galpão.
Todos os artistas capixabas e alguns que vieram para cá e conhecem a nossa realidade política voltada para a cultura sabem que o poder de administração do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Espírito Santo (SATED/ES) é feita por algumas poucas pessoas que buscam se manter a frente dele. Estas pessoas escolhem, entre eles, quem será a pessoa a ocupar o cargo de presidente do sindicato, o que vem cansando muito os artistas capixabas, pois esses membros vêm fazendo um circulo vicioso entre eles e nada resolvem ou ajudam no desenvolvimento das artes cênico-teatrais, tanto da capital quanto de todo o estado. Há dois anos atrás um movimento foi iniciado para mudar essa visão do sindicato e este movimento foi encabeçado por algumas pessoas ativas nas artes cênico-teatrais de Vitória/ES, e entre essas pessoas estava José Augusto Loureiro.
Loureiro não só participava das reuniões como disponibilizou o Teatro Galpão, algumas vezes, para servir ao movimento que visava mudar totalmente o SATED/ES e tentar fazer a nossa cultura ser mais reconhecida, só que tudo ficou na mesma, pois as pessoas a frente do sindicato decidiram fazer uma convocação geral de modelos registrados no sindicato, sem contar aqueles para quem eles haviam VENDIDO o registro como artistas de espetáculos, vpara que votassem na pessoa que viam como melhor candidata ao cargo. Dessa forma a eleição ocorreu e a candidata escolhida venceu. Com a vitória da candidata, era ora de “cortar” algumas cabeças do movimento anti-SATED/ES, mas como poucos eram acessíveis, mas nem todos, pois o Teatro Galpão era acessível através dos trâmites da Prefeitura de Vitória, sendo assim, era fácil fechar o local sem muito esforço.
Não acho certo que qualquer empresa fique a dever ao município, mas sei que a prefeitura dá várias chances de um estabelecimento poder pagar suas dívidas, sem a necessidade de fechar suas portas definitivamente, mas não foi o que ocorreu, pois quando todos ficaram sabendo, o Teatro Galpão já havia sido obrigado a encerrar suas atividades.
Bem, é de conhecimento dos membros da classe artistica do estado que a sub-secretaria de Cultura da Prefeitura de Vitória está TOTALMENTE ligada ao SATED/ES e foi uma das pessoas que ficou muito insatisfeita com a agitação causada pelos artistas inconformados com a administração do sincidato. Junte a insatisfação dela com seu conhecimento dentro da Prefeitura e temos o Teatro Galpão com as portas cerradas.
É um alívio poder estar falando disso e eu sei que pode vir a me trazer problemas futuramente, mas não suporto mais ficar quieto e todos me dizendo para falar baixo, pois alguém que conhece fulano ou sicrano pode contar para ela ou para algum membro do sincidato. É um medo descabido e – para mim – sem sentido. Não devo nada a ninguém do sindicato ou a qualquer um ligado a ele, pelo contrário, tenho certeza que para muitos deles o blog Teatro Capixaba poderia deixar de existir, pois muitas vezes já vim aqui para criticar e falar o que achava da forma como o SATED funciona. Eu faço meus posts de critica ao sindicato em respeito ao artista cênico-teatral do estado do Espírito Santo e, principalmente, em respeito aos artistas da minha cidade, Vitória/ES, e ao ver a cena que testemunhei hoje, me entristece saber que continuamos atados as formas de estruturação da nossa cultura em que somente tudo acontece àqueles que permanecem “puxando-saco” dos nossos administradores culturais, sejam nas leis de incentivo cultural ou no sindicato, para que não aconteça com eles o que ocorreu com o Teatro Galpão. O problema disso tudo é que, por causa destas intrigas, estamos com um palco a menos na capital que tinha um preço e local acessível para o público e os artistas, sem perigos e riscos, sem tempo em suas agendas ou então caros demais para pelo menos uma temporada de um mês.
Mas e o Cais das Artes? E o Teatro SESC/Glória? Sim, ambos são realidades, o primeiro ainda em construção e o segundo com prazo para abrir até metade deste ano, mas voltamos a outra pergunta: Quanto eles custarão? Estarão abertos para espetáculos do estado ou somente para trabalhos de fora? Como será a administração deles? O SATED/ES terá envolvimento? Tantas dessas perguntas ficam sem resposta até a abertura deles, enquanto isso fica a pergunta do título: Tem Palco?
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