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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O Último Discurso

FELIZ 2010 O ano de 2009 se encerrou ontem (31/12/2009), e o blog Teatro Capixaba encerra o ano que passou com este título, de certa forma... Até combina!

Vamos lá! Primeiramente o blog teve um ano prolífero, que gerou muitas discussões, ameaças e até “achismo” que eu o finalizaria. As discussões ficaram por conta das pessoas que nem sempre concordam com tudo que exponho no blog. Mas não vejo o porquê de concordar.

Eu criei o blog para expor minha opinião (não que isso interesse a todos) e divulgar a arte cênico-teatral do nosso estado. Tudo bem, que não são todos que buscam o blog para propagar nossa cultura teatral, às vezes por não conhecer, outras por não saber como se comunicar comigo (meu e-mail: andreluz.es@gmail.com) ou mesmo porque não querem que eu divulgue seu trabalho, já que temos outros meios para fazê-lo, mas estou com ele aberto para quem quiser colocar seu trabalho lá e chamar pessoas que o visitam para assisti-lo. Fui chamado de vários nomes, tanto dentro, quanto fora da internet. Desde “propagador de cultura de província” (não exatamente nessas palavras) até “crítico alienado” (também, não exatamente nessas palavras). Primeiro, se sou um propagador ou divulgador de cultura de província, é porque Vitória deve ser uma. Não podemos nos comparar a Rio de Janeiro, São Paulo ou Minas Gerais, ou mesmo as suas capitais, que têm – na sua maioria – um sindicato dos artistas mais organizado e estruturado, um conjunto de atores que sabe reivindicar o que quer e não ficar na lenga-lenga e uma secretaria que respeita mais o artista teatral. Segundo, nunca me coloquei como crítico. Eu sou um opinador, como se me sentasse com meus amigos numa mesa de bar e falasse sobre determinada peça teatral ou determinado artista. Não tenho conhecimento o suficiente para me colocar como crítico ou algo parecido. Se exponho minhas opiniões, eu me torno crítico? Bem, se for isso, eu nunca me vi assim e sempre falarei que não sou.

Quanto ao achismo de que o blog chegaria a se findar, foi por conta de minha saída do Grupo de Discussão Opiniões Cênicas, idealizado e criado por Rosa Rasuck e Charlaine Rodrigues.

Não passou de achar mesmo, pois com o blog teve, no ano que passou, 20.271 visitantes (agradeço a todos!), como eu poderia me desfazer? Seria um desrespeito a estes que o visitam e uma quebra de contrato que firmei comigo mesmo, de fomentar a cultura do nosso estado, para quem quiser ver ou conhecer.google-analytics2

Agora, o por que do título? Bem, Como é fim de ano e eu adoro textos bonitos e bem escritos, decidi colocar aqui o Último Discurso, que ganhou este nome, pois fazia parte do fim do filme O Grande Ditador e foi o último trabalho do gênio Charles Chaplin com o traje do vagabundo (também conhecido como Carlitos), ou melhor, a roupa surrada, o chapéu coco e a bengala curva.

Chaplin-charlie Sir Charles Spencer Chaplin Jr. nasceu em Londres no ano de 1889 e viajou em 1912 para os Estados Unidos, com uma carreira já iniciada aos cinco anos, em um Music Hall, aonde cantava e interpretava. Foi no palco que ele fora descoberto pelo produtor de filmes Mack Sennett, da Keystone Film Company. Em Hollywood, ele criou, junto com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, ele funcou a Unitede Artists e com ela rodou a maioria de seus curtas e longas metragens como O Garoto (The Kid, 1921), Tempos Modernos (Modern Times, 1936) e O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940).

Em O Grande Ditador, Chaplin tinha o intuito de criticar o sistema totalitário e ditatorial do führer Adolf Hitler e toda a sua discriminação contra os judeus. No final do filme ele faz um belo discurso sobre a igualdade entre as pessoas, sobre a preservação do que há de bom no coração de cada um.

E é com este Último Discurso que me despeço neste ano que termina e torço por um 2010 mais prolífero para a nossa cultura capixaba, com os teatros funcionando com qualidade para que o público possa assistir as peças teatrais que ali adentram o palco e encantam a todos que a assisti.

FELIZ 2010!

Agora fiquem com o genial Charles Chaplin e o seu Último Discurso:

thegreatdictatorSinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.  A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!” _Charles Chaplin.

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