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sábado, 29 de janeiro de 2011

Na Coxia: O Teatro Galpão fechou!

O Na Coxia desta vez vem na intenção de se lamentar, pois mais um teatro se fecha em Vitória-ES, o Teatro Galpão.

teatrogalpao-fechado Palco dos mais variados sucessos da capital, o Teatro Galpão fechou suas portas. Neles passaram a tetralogia Hello Creuzodete, contando as histórias da personagem Marly, de Milson Henriques, vários infantis que foram sucessos de público – e outros nem tanto –, as peças de Wilson Nunes e Edilson Pedrini, contando as histórias de Melani Marques, o próprio diretor e dono do teatro, José Augusto Loureiro, teve espetáculos sendo atuados no seu palco, e eu – quando era um aprendiz de ator – subi aos palcos do Teatro Galpão, seja nas esquetes “A Crise ou Encontro Fortuito de Dois Mendigos” e “Amor, Sexo e Esclerose” ou com a peça “O Casamento Suspeitoso”, que ficou dois meses de temporada por lá.

ROSA NEGRA (2)[8] Ver o teatro sem o seu letreiro ou mesmo com cartazes de “Aluga-se” estampados na sua frente, é um contraste aos vários cartazes que vimos colados, como o que fui assistir mais recentemente no teatro, “Rosa Negra” do Grupo Teatro Empório.

No palco do Teatro Galpão subiram peças de âmbito estadual e nacional, também. Tive a oportunidade de assistir o espetáculo de bonecos 100 Shakespeare, do Grupo Pia Fraus, de São Paulo. Também tivemos dois festivais que abrilhantaram o palco do Teatro Galpão, II-ALDEIA-SESC[4] O Aldeia SESC de Teatro “Padre José de Anchieta” e O Festival Nacional de Teatro “Cidade de Vitória”. Estiveram no palco, durante os festivais, as peças “O Casamento de Tereza” (ES), “Leitura Musical Bretch – Um homem é um homem” (ES), “Os Cegos ou o Sábio de Flandres” (ES), “O Figurante Invisível” (ES), “O Grande Circo Ínfimo” (ES), “A Idade da Ameixa” (MG), “Dinossauros… Ou Ainda é Hoje”,”Cabral, a esquadra se deu mal” (ES), “Descalça?” (ES) e “A Culpa foi dela” (ES). cartaz A2_FESTIVAL TEATRO 2010_420 x 594_LAYOUT_thumb[4]Fora dos festivais várias peças de atores e diretores conhecidos do estado estiveram no palco do Teatro Galpão, como já citada a tetralogia de Marly nas peças “Hello Creuzodete”, “Hello Creuzodete II: A Missão”, Hello Creuzodete III: A Perereca da Marly” e “Hello Creuzodete IV: Finalmente Alguém Comeu”. Também tivemos os sucessos de Wilson Nunes, como “Romeu e Julieta: O Amor Venceu”, “Por Favor, Matem Meu Patrão”, “Minha Sogra é de Matar”, “Luz, Câmera… Cleópatra em ação!” e “O Bello e as Feras”. A polêmica Cia de Teatro Experimental, dirigida por Priscila Poeta e Marcio Zatta, teve quase todas as suas peças encenadas no Teatro Galpão, como “KADR” e “O Casamento”, baseado na obra de José de Alencar. Também tivemos o Grupo Z de Teatro, que encenou na área aberta do Galpão, e também o Grupo Armazém, do próprio José Augusto Loureiro, ficou durante meses, tendo público, com a peça “Os coveiros”. O Clã de Teatro colocou no palco do teatro o espetáculo “A Grande Estiagem”, que foi sucesso dentro e fora do estado.

Depois de ver tantos sucessos – e as vezes fracassos – subindo ao palco do teatro, dois festivais sendo apresentados no Galpão – sendo um deles do próprio município –, me pergunto porque somente agora a Prefeitura tomou a atitude de cobrar regularização de Alvará? Isso seria fácil responder, mas como não tenho provas, deixo para quem tem. Só fico triste que, em vez da prefeitura apoiar um teatro, ajudar a mantê-lo, ela prefere vê-lo fechar.

É fácil dizer que a Prefeitura de Vitória um dia abrirá o Teatro José Carlos de Oliveira, que se encontra no Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, que um dia teremos o Cais das Artes (que para mim será igual ao Theatro Carlos Gomes, ou melhor, com uma agenda difícil de conseguir se encaixar) e que um dia teremos o Teatro Glória – SESC (que está ficando até bonito!). Por enquanto Vitória só pode contar com três teatros, um pertencente ao estado, que é o Theatro Carlos Gomes, cuja agenda, de tão apertada com tantos projetos musicais e apresentações nacionais trazidas pelo Rá Tim Bum Produções Artísticas, fica complicado colocar uma peça lá, que não poderá fazer temporada, o Teatro do SESI, que cobra valores altos por três dias de apresentação – no ano de 2010 estava custando R$ 800,00/dia – e o Teatro Universitário, da UFES, que não fica atrás do SESI e possui uma disposição de cadeiras para o público de um forma que pode se perder algo que está em cena (testemunha ocular, nas peças “Óidipous, filho de Laios – A História de Édipo Rei pelo avesso” (RJ) e “Inveja dos Anjos” (RJ)).

No ano de 2010, no Espírito Santo, fomos testemunhas da demolição do Teatro Edith Bulhões (antigo Teatro SCAV), para servir de espaço para o Ministério da Fazenda (que nem iniciou nenhuma construção ainda, mas deixou o espaço como um terreno baldio), e começamos o ano de 2011 com o fechamento do Teatro Galpão, pois a Prefeitura de Vitória precisa de dinheiro para pagar as dívidas e não pode auxiliar na manutenção de um teatro. O triste disso é que o Teatro Galpão também foi palco do SATED-ES, tanto no momento em que o ex-presidente tomou posse, como para a atual presidente, Verônica Gomes. Vários debates do sindicato aconteceram no teatro.

Eu estou simplesmente triste por essa notícia e por ter de dá-la. O Teatro Galpão foi minha primeira vez em um palco de teatro. Foi uma das minhas grandes emoções olhar o público lá de cima e ver qual é a emoção de um ator de fazer o público gostar de assistir teatro. Minha segunda experiência no Teatro Galpão foi fantástica também, pois ouvir a risadas das pessoas com a peça “O Casamento Suspeitoso” e vê-las voltar várias vezes, sempre trazendo novas pessoas, deixando o teatro lotado, durante dois meses, mostrava que o público conseguia admirar o que era feito.

O Teatro Galpão tinha cadeiras duras demais (adquiridas por José Augusto Loureiro do antigo Teatro Glória), não tinha ar condicionado, mas mesmo assim fez as pessoas gostarem de ver teatro, pois era um espaço para isso! Infelizmente, aqui eu dou adeus a um dos lugares que me encantaram tanto por trás das coxias, como no palco ou no público. Obrigado por tudo Teatro Galpão!

3 comentários:

Gabriela Galvão disse...

Putz grila, q coisa mais triste!.

etewaldo disse...

Triste mesmo! A cidade só perde quando dificulta o acesso da população a cultura, e mais ainda, quando destroi literalmente, seus espaços culturais. Uma dica: Que tal anunciar aqui as peças na cidade e no estado? Sempre que quero ver uma peça, tenho a maior dificuldade na internete em pegar informaçõea atualizada.

Teatro Capixaba disse...

Olá Etewaldo.

Bem, eu até tinha uma semana que eu divulgava todas as peças do fim de semana, mas devido ao tempo curto que tenho, tive de deixá-la de lado, por enquanto, pois estou fazendo faculdade e o bom é divulgá-la um dia antes de qualquer estreia de fim de semana. Mas eu tenho um problema sério, nem todos me fornecem material para divulgação, então tenho de insistir muito para que consiga algo para divulgar. Os que me fornecem são meus conhecidos, que acreditam no blog e têm prazer em ver seus materiais divulgados aqui.

Abraços.