Desculpem-me pela falta de atualização imediata, como ocorreu no ano de 2008, referente ao Prêmio Omelete Marginal 2009. Acredito que isso ocorreu - posso estar enganado – por causa de minha crítica (se assim posso chamar) ácida referente aos selecionados nas categorias de teatro.
Bem, deixando isso de lado, já pode ser visto no site do Omelete Marginal a lista de ganhadores do Prêmio. Na categoria Teatro o resultado foi o seguinte: Na categoria Melhor Diretor de Teatro ganhou a diretora de cinema e estreante como diretora de teatro, Virginia Jorge. Eu votei em Marcelo Ferreira nessa categoria, pois achei o único merecedor, dentre todos os outros. A maioria dos diretores concorrentes, para mim, não tinham o mesmo nível de Marcelo, o que foi meio decepcionante. Já Virginia Jorge, diretora de “A Menina”, eu nem posso falar nada. Se ela ganhou, mérito dela, pois não posso levantar um testemunho contra seu trabalho de direção, já que não assisti o solo-cênico (prometo compensar isso assim que possível!).
Na categoria Melhor Peça Teatral ganhou o espetáculo musical “Boulevard, 83”, do Grupo Teatro Empório. Eu já votei nessa peça para ganhar, não por causa da direção, mas sim por causa da história em si. A história do Boulevard é encantadora. Um grupo de dançarinos cria um show para levantar a casa que está em concordata nas mãos de um mafioso e uma cafetina, é simplesmente empolgante. Também dou destaque a atriz e cantora Nívia Carla, que faz a personagem Joe Jocker. Sempre rasgarei elogios para o trabalho dela com a personagem e pela sua voz maravilhosa.
Nívia Carla concorreu na categoria Melhor Atriz de Teatro e eu votei nela, mas não critico também a escolha de Fabiola Buzim nessa categoria, pois como à diretora, eu não assisti ao trabalho dela no monólogo “A Menina”.
Já na categoria Melhor Ator de Teatro ganhou o veteraníssimo Ednardo Pinheiro. Eu não tiro o mérito dele, também, até gostei de sua atuação (que caiu como uma luva) em “O Figurante Invisível”, mas sinceramente, devido ao excelente trabalho solo de Mauro Pinheiro em “Rosas Brancas para Salomé”, o mínimo que eu esperava era o reconhecimento que ele merece.
Na categoria Melhor Festival ganhou o Festival Nacional de Teatro “Cidade de Vitória”. Esse sim é uma felicidade para mim. O Festival, todo ano trás os mais diversos artistas cênico-teatrais para os palcos da capital. Além das peças, há debates, cursos, workshops, entrevistas com os mais conceituados artistas brasileiros, sem contar que este ano houve até participação internacional no Festival, com duas peças teatrais cubanas.
Agora, na categoria Revelação do Teatro fica aqui meu protesto.
Era esperado que eles ganhassem? Lógico que sim, pois infelizmente ainda temos um sério problema em reconhecer o que é ou não é teatro.
Antes que venham falar algo: Sim, eu fui assisti-los e gostei do que vi. Ri com eles, mesmo quando ironizavam o trabalho do ator de teatro, mas isso não quer dizer que devo considerar o trabalho deles como teatro. Estou falando de Comédia a La Carte, que ganhou o prêmio de Revelação do Teatro.
Eles competiram com um ator de teatro, com um grupo teatral e com uma diretora de teatro, mas mesmo assim ganharam numa categoria que não lhes cabe.
Há muito tenho enrolado para falar sobre teatro e “comédia em pé”. Para aqueles que desconhecem, é normal a confusão, já aqueles que convivem, que sabem como é, fico impressionado com isso ainda. Stand Up Comedy nada mais é do que uma pessoa, sem construir uma personagem, ironizando ou brincando com situações cotidianas que aconteceram com ela ou com alguém (próximo ou não), já teatro existe todo um processo de construção da personagem. O jeito dessa pessoa andar, como ela vai falar, com ela vai agir com os outros a sua volta, que sentimento demonstrar por outra personagem e a necessidade deste sentimento.
Não estou falando que fazer Stand Up Comedy seja fácil, pelo contrário. Acredito que exista todo um trabalho envolvido, mas é diferente do processo do ator numa peça teatral ou de um diretor de posicionar ou de como fazer a cena acontecer, coisa que não existe no Stand Up Comedy, já que é uma pessoa, em pé, vestida socialmente ou não, em frente a um microfone. Não existe a necessidade de projeção vocal, algo no qual um ator (ou atriz) precisa trabalhar constantemente.
A critica que faço não é ao trabalho dos envolvidos em Comédia a La Carte, mas sim do processo de seleção de concorrentes do Prêmio.
Se valer alguma coisa a opinião deste que vos escreve (e se a organização do prêmio chegar ler isso), recomendo que crie e desenvolva a categoria destinada ao Stand Up Comedy, que cresce a cada dia. Cheguei a receber um convite informal para fazer esse tipo de trabalho, mas eu não me sinto capacitado para tal. Prefiro construir uma personagem a falar com o público de “cara limpa”. Congratulo e elogio o trabalho deles, mas continuo a bater na tecla que os trabalhos são diferenciados, merecendo categorias diferenciadas.
Infelizmente nossa mídia impressa faz o mesmo tipo de confusão (chega a ser ridículo isso!), só torço e espero que o mesmo não aconteça a um prêmio que é dedicado ao artista cultural capixaba.
Sei que isso pode vir a causar balburdia e mesmo – talvez – ameaças que me foram feitas se concretizarem, mas acho que se deve fazer um aprofundamento melhor dos organizadores do Festival para saber o que é teatro e não esperar que conhecidos lhes digam o que é.
Prezo e acredito no Prêmio Omelete Marginal (sei que não parece!), mas sinceramente – volto a frisar – eles precisam rever os conceitos deles.
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