Ontem (16/12/2009) eu estava bem desanimado para publicar algo no blog Teatro Capixaba. Na verdade, estava com muita preguiça, mas ao receber o material da Escola de Teatro e Dança FAFI, isso me empolgou.
Este Na Coxia eu já tinha preparado há um tempo, mas estava na dúvida de publicar ou não. Ele é mais uma reinvindicação do que uma crítica.
Eu amo ir aos teatro da capital. Desde o afastado Teatro José Carlos de Oliveira, dentro do Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, até o Teatro do SESI, em Jardim da Penha. Eu espero que todos compreendam o que quero dizer com o texto e não se ofendam. Vamos lá!
Como estão os teatros de Vitória
Bem, o Theatro Carlos Gomes encerrou sua temporada e fechou suas portas para uma reforma. Ela iniciou no dia 24/11/2009 (terça-feira) e se estenderá até março de 2010. O intuito é fazer uma reforma externa geral, mudando as cadeiras, o assoalho da platéia, dando alguns retoques internos e – talvez – alterando aquela pintura cor de ovo da parte externa do Teatro. Com essa parada para a reforma, que durará quatro meses, eu volto minha atenção para os outros teatros que temos dentro da capital.
Vitória deveria possuir, no seu total, sete teatros, mesmo nenhum deles sendo um Teatro Municipal (aparentemente!), mas em prática só existem quatro funcionando (se contar que teve cinco em atividades durante a 5ª Edição do Festival Nacional de Teatro “Cidade de Vitória”), dentre eles são o Carlos Gomes em reforma, o Teatro Galpão, que funciona aos trancos e barrancos, o Teatro Universitário (que mais parece um enorme auditório do que um teatro) e o Teatro do SESI.
Durante o Festival, tirando o Galpão, que serviu de palco para outros festivais que aconteceram este ano de 2009, abriram também as portas do Teatro José Carlos de Oliveira, localizado dentro do Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, mas este, apesar de um excelente palco e uma acústica muito boa, devido a localização, afasta o público mais do que atrai.
O Teatro José Carlos de Oliveira (nome no qual poucos sabem), além de desprestigiado por conta de sua localização próxima ao Sambódromo e ao “Tancredão”, sempre sofreu com problemas na qualidade dos assentos rasgados e com assentos soltando, além – não tenho certeza do fato – ter sofrido um incêndio, que o prejudicou muito mais. O descaso é outro fator que afeta este teatro, que tantos atores e diretores gostam, pois é desconhecido quem administra o local, se ainda o Governo do Estado ou a Prefeitura de Vitória, que há anos visa um teatro municipal, mas até hoje não chegou as vias de fato, enquanto cidades do norte e do sul do estado do Espírito Santo, possuem seus próprios teatros municipais, o que, para mim, é uma vergonha.
Outro Teatro que está de portas fechadas é o Glória, mas este passa por uma extensa reforma, tanto internamente, quanto externamente. A obra é um projeto do SESC, junto com a Federação do Comércio do Espírito Santo, para transformar o Glória em um enorme Centro Cultural, com teatro, biblioteca, sala de exposições e até mesmo um cinema. Quando ficará pronto? Somente o tempo dirá, pois por enquanto ele está tapado por uma rede que mais parece uma teia de aranha envelhecida e empoeirada.
Outro espaço que os atores, atrizes, diretores, produtores e demais envolvidos nas artes cênicas tinham era o Teatro Edith Bulhões. Apesar de não ser um primor de teatro, com vários problemas internos, como uma péssima acústica, o espaço era usado por muitas peças teatrais, que se acostumaram a apresentar-se sem preocupações por lá. Antes de cerrar suas portas, o Grupo Taruíras Mutantes esteve com a peça “Um Forte Cheiro a Maçã” sobre aquele palco, ampliando-o para caber todo o cenário e o extenso elenco. Mas suas portas foram fechadas pelo Governo Federal, que tomou o prédio para primeiramente construir a nova sede da Polícia Federal, mas agora mantem uma placa aonde antes era o estacionamento, dizendo que ali será a nova sede da Receita Federal. O que acho mais interessante é que, em vez do governo federal investir em reformar o teatro e torná-lo um patrimônio cultural do Brasil, preferem demoli-lo e construir um órgão do poder público.
Mas não era somente o Carlos Gomes e o Glória que mereciam uma reforma, não. Já passou da hora de isso acontecer no Teatro Galpão. O teatro é um dos que tem melhor localização, pois fica na Reta da Penha, em Vitória, em frente ao Hiper-mercado Wallmart. Ele é um dos mais procurados e já serviu de palco para várias peças e espetáculos de dança, que ali estrearam, além de sediar dois festivais este ano, O I Virada Cultural e o I Aldeia SESC José de Anchieta. As poucas reformas que ele teve, nenhuma foi para mudar as cadeiras, que todos reclamam do desconforto, ou mesmo para colocar um sistema de refrigeração interno. Acho louvável mantê-lo aberto, como o dono faz, mas ele deveria pensar mais no que o público precisa, para apreciar melhor os trabalhos que acontecem no seu interior.
O Teatro Universitário, por outro lado, merecia uma reestruturação. Apesar de sua amplitude no saguão, e uma quantidade considerável de cadeiras, o formato da platéia é um tanto incomodo, pois a pessoa que senta em qualquer uma dos cantos tem uma visão muito precária do que acontece em palco, ou mesmo fica ciente do que acontece na coxia, mas mal consegue acompanhar o que acontece em cena.
Já o Teatro do SESI, que tem o patrocínio do FINDES, junto com o SESI, - junto com o Teatro Galpão - é um dos mais procurados para estréias e aberturas de temporadas. A localização é – de certa forma – prestigiada, pois fica dentro de uma dos “bairros nobres” de Vitória – ES, Jardim da Penha. Sua platéia é reta e em formato de arquibancada, e proporciona uma visão geral do que acontece em cena, seja sentando nas cadeiras da frente ou nas cadeiras do fundo. A acústica é uma das melhores, facilitando até mesmo quem sentar nas cadeiras do segundo piso do teatro, poder ouvir o ator em palco.
Agora, na categoria utopia, ainda existe o Cais das Artes, que a SECULT planeja iniciar as construções antes do fim do mandato do atual governador do estado. Ele se localizará próximo a Praça da Cruz do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória. O desejo da Secretaria é realizar uma construção que todos os artistas cênicos sonham no estado. Um espaço teatral com 1,3 mil lugares para a platéia, um palco aonde poderiam acontecer grandes espetáculos, além de operetas. O Cais das Artes terá também um museu com capacidade para grandes exposições, um auditório, biblioteca e um café. A pergunta é quando as obras se iniciam, só que a resposta é vaga, pois apesar do lançamento do projeto em junho de 2009, nada mais foi falado ou mesmo divulgado sobre o assunto, que muitos acham que será esquecido.
Sonhos, reestruturações, melhorias ou mesmo uma grande reforma, é disso que a maioria dos teatros da capital do Espírito Santo precisam, mas quando e se acontecerão... Bem, pelo menos o Theatro Carlos Gomes começou e tem previsão de entrega e o Teatro Glória continua seguindo com sua reforma geral, já o Teatro Galpão fica somente como desejo deste que vos escreve que um dia ele melhore, o Teatro Universitário com certeza manterá seu formato pouco “confortável” para quem assiste uma peça teatral, o Edith Bulhões continua com um futuro destino de demolição e o José Carlos de Oliveira permanece uma incerteza.
Eu torço para que algo ocorra no ano de 2010 e as coisas que eu disse aqui se alterem, mas como sempre não existe certeza quando se fala de teatro em Vitória, somente desejos e crenças de melhora.
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