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sexta-feira, 27 de março de 2009

O dia da arte marginal

theater-bigA exato um ano atrás eu escrevi um texto para o Dia Internacional do Teatro. Lógico que não agradei a todos, mas não era essa minha intenção, pois eu queria refletir – e passar para todos – sobre o período que entrei para o teatro e as pessoas que me influenciaram a cada dia mais gostar desta arte marginal.

Eu cheguei a mencionar sobre isso em um dos meus tópicos do blog: Arte marginal. Por que defini-la desta forma? Porque o teatro é uma arte na qual muitos querem se desfazer.

Nelson%20Rodrigues Adoro mencionar isso, mas é porque eu acho relevante, Nelson Rodrigues, na frase que uso como texto do blog, demonstra o quanto quiseram derrubar o teatro, que continua firme e forte. Desde sempre, em países que a chamada sétima arte é mais expressiva, atores não precisam se submeter ao teatro para chegar à grande tela. Para alguns, um simples curso de interpretação já basta, Lógico que isso não é uma constante, pois os grandes atores e atrizes passaram por escolas de artes dramáticas de renome, interpretando muitas vezes William Shakespeare ou Tennessee Williams, os mais antigos até aprenderam técnicas desenvolvidas por Stanislavski e Bretch, mas hoje um rosto bonito preenche mais uma tela de cinema do que uma boa interpretação, ou então, quando se convida um novo ator, ele já diz: “aprendi muito com fulano” ou “cicrano meu dava altas dicas”.

grupo_z No Brasil não é diferente. Do que é feita a televisão? Tá, tem ótimos atores, com grandiosas interpretações, que fazem você rir ou chorar, mas se não há um rosto bonito ou um corpo escultural, a novela não está completa. A beleza é o atrativo e isso um dia poderá ser considerado um tipo de arte, diferente do teatro.

Existem nove formas de expressão artísticas, e teatro não é nenhuma delas. Então o que o teatro é?

Uma arte que surgiu nos primórdios da humanidade, foi melhor trabalhada na Grécia Antiga, gerando os verdadeiros clássicos. Aperfeiçoada pelos italianos, franceses, ingleses, russos, japoneses e brasileiros, não faz parte das formas de expressão artística da humanidade, então é marginal.

O ator, a atriz, o diretor, o produtor, o iluminador, o sonoplasta, o figurinista teatrais são verdadeiros párias da sociedade. Eles batalham para que possam ter seu reconhecimento, seu momento ao sol.

iTi Quando o Instituto Internacional do Teatro, um órgão da UNESCO, se reuniu em um congresso em Viena, na Áustria, e decidiu pelo dia 27 de março, quando as temporadas internacionais no Teatro das Nações, na França, se iniciavam, foi um ato de extrema nobreza, pois desta forma colocava o teatro de volta, como uma forma de expressão artística.

A idéia do “fazer teatral” é que o ser humano que assiste a outro no palco, acredite que, por mais fantasioso que seja, aquilo que está vendo é real. Com o ator (ou atriz, sem generalizações), o telespectador irá rir, chorar, crer no sofrimento e nas tramóias que acontecem em cena. Alguns dirão que a televisão e o cinema faz o mesmo, mas o engano está aí, pois a nossa arte marginal, execrada e desprezada, causa comoção imediata, ao vivo. As pessoas irão elogiar ou menosprezar, mas terão opiniões. Nada será entregue a elas em capítulos, mas sim de forma que compreendam tudo ou pelo menos reflitam sobre o assunto.

O teatro é uma forma tão expressiva, que por vezes tentaram transpô-lo para a televisão ou para o cinema. Às vezes as tentativas foram louváveis, mas não substitui o calor humano que acontece no encontro do ator e telespectador, num ambiente agradável a ambos, pois um encanta e o outro é encantado.

Mas mesmo o teatro sendo uma arte deixada de lado, batalhamos por ela, seja com blogs (que tem crescido gradativamente), sites ou o famoso boca-a-boca.

O crescimento das divulgações pela mídia digital tem sido grande também, mas não fica somente aí. Planejamentos para o crescimento do teatro vêm sido tomados através de sites.

saberes No Espírito Santo mesmo, artistas cênicos e de outras áreas das artes têm se reunido no site Rumos da Arte e da Cultura no Espírito Santo, onde dividiram seis Grupos de Trabalhos (GT’s). O GT1 “busca discutir os avanços e desafios da representação política dos artistas no ES”, o GT2 “busca conceber e indicar novos critérios de remuneração dos artistas”, o GT3 procura viabilizar “encontros de grupos específicos de artistas e de produtores culturais”, o GT4 procura ver “O papel da mídia na (cultura e) arte capixaba”, o GT5 procura viabilizar a “Ocupação de espaços públicos e equipamentos culturais” e por fim, o GT6 trabalha em prol da “Difusão Cultural”. Os grupos estão abertos para quem desejar participar e trocar idéias. A grande batalha por isso seguir em frente começou no Grupo criado por Rosa Rasuck e Charlaine Rodrigues, o Opiniões Cênicas, e seguiu até o primeiro encontro dos GT’s na Faculdade Saberes.

O teatro continua sendo marginal, mas seus artistas, responsáveis por manter este – roubando as palavras de Nelson Rodrigues – “cadáver salubérrimo” ainda sendo uma das melhores formas de expressão artística, não são, pois lutam dia-a-dia para que acreditem que o teatro também não é.

arteeculturanoes

 

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