A Secretaria Estadual de Cultura (SECULT) fará a assinatura do Fundo Da Cultura do Espírito Santo (FUNCULTURA) nesta segunda-feira (03/11/2008), as 20:00 (a retirada dos ingressos deverá ser na segunda-feira, a partir das 12:00).
O Funcultura (interessante que fun em inglês, significa diversão) foi lançado no dia 21 de outubro, no Diário Oficial da União e tem como objetivo “incentivar a formação e fomentar a criação, a produção e a distribuição de produtos e serviços que usem o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos, e a tornar a atividade cultural uma importante estratégia nos programas de desenvolvimento do Estado.”, a solenidade contará com o governador do estado, Paulo Hartung, a Secretária do Estado da Cultura, Dayse Lemos, e a atriz Fernanda Montenegro, que apresentará seu monólogo “Encontro com Fernanda”. Segue abaixo a notícia que saiu no site da SECULT, da Assessora de Comunação Larissa Ventorim, e também um pouco sobre Fernanda Montenegro:
Governo do Estado lança Funcultura com presença de Fernanda Montenegro 31/10/2008
O Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo – Funcultura será lançado publicamente na próxima segunda-feira (03), às 20 horas, no Theatro Carlos Gomes. O governador Paulo Hartung e a secretária de Estado da Cultura Dayse Lemos participam da apresentação, realizada na semana de comemoração do Dia Nacional da Cultura. Para celebrar momentos tão importantes, a Secult apresentará, logo depois do anúncio, o monólogo “Encontro com Fernanda”, onde a atriz Fernanda Montenegro, uma das maiores expressões do universo artístico do Brasil, proporcionará um encontro intimista com o público.
A Lei Complementar nº 458, que dispõe sobre a criação do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo, foi publicada no Diário Oficial do dia 21 de outubro. E a partir de 2009, os artistas, produtores e agentes culturais já poderão ter acesso a uma nova forma de financiamento da atividade cultural.
Os recursos do Funcultura visam incentivar a formação e fomentar a criação, a produção e a distribuição de produtos e serviços que usem o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos, e a tornar a atividade cultural uma importante estratégia nos programas de desenvolvimento do Estado. “O acesso será transparente e democrático, através da publicação de editais públicos anuais que possibilitarão ao cidadão capixaba realizar projetos culturais de interesse público e de forte impacto social”, reforçou Dayse Lemos.
Os recursos do Funcultura serão constituídos de: dotação consignada no orçamento anual do Estado do Espírito Santo; doações, auxílios e transferências de entidades nacionais, internacionais, governamentais e não governamentais; empréstimos e outras contribuições financeiras de entidades nacionais e internacionais; recursos de transferências negociadas e não onerosas, junto a organismos nacionais e internacionais de apoio e fomento; recursos oriundos da amortização, correção, juros e multas dos financiamentos efetuados pelo próprio Fundo; e outros recursos, créditos e rendas adicionais ou extraordinárias que, por sua natureza, lhe possam ser destinadas.
Estão previstas também formas de financiamento, por intermédio do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo – Bandes, para desenvolvimento de projetos culturais. Os Editais de Incentivo à Cultura definirão os requisitos e as condições de inscrição de projetos candidatos à obtenção de apoio financeiro do Fundo, as hipóteses de vedação à participação no processo seletivo e os critérios para a seleção e a aprovação dos projetos inscritos.
Encontro com Fernanda
A entrada para o lançamento do Funcultura e da apresentação do “Encontro com Fernanda” será gratuita. Os ingressos, um convite por pessoa, serão distribuídos no dia do espetáculo na bilheteria do teatro, ao meio-dia.
O projeto “Encontro com Fernanda” surgiu de um desejo da atriz Fernanda Montenegro, sempre solicitada a falar em eventos, em estabelecer uma relação mais próxima com seus interlocutores, usando seu instrumento mais conhecido: a arte.
Através de uma especial reunião literária de valiosos escritores como Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, Clarice Lispector, Simone de Beauvoir, Fernanda chega até o cotidiano das relações humanas contando um pouco da sua experiência de vida, enquanto atriz, mulher, mãe, esposa, cidadã brasileira, e permanecendo de olhos e ouvidos bem abertos para partilhar com a platéia suas vivências.
Condensando objetivos culturais e sociais “Encontros” procura destacar o que há de mais humano no ser humano, sua sensibilidade artística, sua delicadeza. Trata-se de um espetáculo interativo.
Fernanda Montenegro
Sobre Fernanda Montenegro, a escritora e dramaturga lnez Barros de Almeida escreveu:
“O público, em gerações variadas, reconhece-a como uma atriz incomum, no rádio, no palco, na televisão, no cinema, nas notícias, nos comerciais, em salas de aula, em palestras, nas consagrações de homenagens e prêmios. Uma platéia bem menor, em tempos e espaços seletivos, observa-a, temperada de bom senso e bom humor, carregar as conquistas do seu talento sem dissimulações, modestas ou imodestas. O grupo mais íntimo sabe desta vibrátil sensibilidade de comediante conjugada a uma tremenda e estável organização mental, que discerne, indica, combina e justifica a artista demiúrgica – não satisfeita de provocar emoções e exaltações, agora nos faz o criativo apelo à partilha de suas experiências e reflexões em torno de uma qualidade sutil e ambígua que ela foi buscar em obras literárias da modernidade”.
“Fernanda escolheu a delicadeza para desvendar um pouco de si mesma e, talvez, provocar em nós um pouco do que somos - trazendo um sopro saudável da sua inquietude artística ao nosso cotidiano, cada vez mais saturado de inconseqüências banais e de esperanças reduzidas pela desinteligência e pela brutalidade”.
fonte:Larissa Ventorim - Assessoria de Comunicação da Secult
Sobre Fernanda Montenegro
A busca do ser, o desejo de se saber quem é, sempre foi um desafio na vida de Fernanda Montenegro. Talvez, por causa do silêncio profundo que essa busca costuma encontrar como resposta, Fernanda tenha se transformado tantas e tantas vezes ao longo da vida. Provavelmente, por causa dela, tenha optado pela carreira de atriz.
Descendente de portugueses e italianos, Arlette Pinheiro Esteves da Silva, após o casamento com o também ator Fernando Torres, em 1953, passou a assinar Arlette Pinheiro Monteiro Torres. Mas tornou-se conhecida mesmo como Fernanda Montenegro. Em todo o Brasil e agora em todo o mundo, com o sucesso de "Central do Brasil". O nome Fernanda foi escolhido ainda na adolescência por ter, segundo ela, uma sonoridade que remete aos personagens dos romances de Balzac ou Proust. Montenegro veio de um médico homeopata que não chegou a conhecer, mas que era amigo da família e tido como operador de verdadeiros "milagres".
O "nome mágico" Fernanda Montenegro apareceu pela primeira vez quando ela trabalhava no rádio, fazendo traduções e adaptações de peças literárias para o formato de radionovelas. Não tinha 20 anos e, para completar o orçamento, ainda dava aulas de português para estrangeiros na Berlitz, mesma escola de idiomas em que aprendia inglês e francês. Na base da inspiração e, principalmente, da transpiração, Fernanda se projetou como uma das principais atrizes e pode, hoje, ser apontada como uma artista que se fez por si própria, uma verdadeira self-made woman. Junto com colegas do Rio de Janeiro e de São Paulo, como Sérgio Britto, Ítalo Rossi, além de seu próprio marido, conferiu maior dignidade ao teatro brasileiro a partir da década de 50.
A carreira artística de Fernanda Montenegro se divide entre o teatro, a televisão e, nos últimos anos com maior intensidade, o cinema. A estréia no teatro se deu, verdadeiramente, em 1950, na peça "Alegres Canções nas Montanhas", ao lado de Fernando Torres. O relacionamento com o ator culminou num casamento que dura até hoje. Da união, nasceram a também atriz Fernanda Torres e o cenógrafo, programador visual e agora diretor de cinema Cláudio Torres. Foi ainda no começo da década de 50, também, que teve seu primeiro contato com a televisão, trabalhando em teledramas policiais.
Fernanda utilizou esse tempo para aprimorar seus conhecimentos sobre o teatro e, a partir de 1952, definiu-se pelos palcos, sem pertencer, entretanto, a uma escola dramática definida. Em pouco tempo, tornou-se figura respeitada nacionalmente. Fez várias peças ao lado do marido e de atores como Sergio Britto, Cacilda Becker, Nathalia Timberg, Cláudio Correa e Castro e Ítalo Rossi.
No começo da década de 60, já estabelecida em São Paulo, atuou na televisão encenando mais de 170 peças no programa "Grande Teatro Tupi". A partir de 1963, começou participar de telenovelas. Mas foi somente a partir de 1979 que sua presença se tornou mais marcante na telinha. Fernanda tornou-se o nome preferido dos autores - e do público -, tendo atuado em várias produções da Rede Globo, incluindo novelas, especiais e minisséries.
Fernanda Montenegro estreou no cinema em 1964, quando atuou na adaptação do diretor Leon Hirszman de "A Falecida", obra de Nelson Rodrigues. Mas foram poucas as suas participações no cinema, comparando-se com os trabalhos no teatro e mesmo na televisão. A mais notória, antes de "Central do Brasil", se deu em "Eles Não Usam Black Tie" (1980) do mesmo Hirszman. Fernanda atuou ao lado de Gianfrancesco Guarnieri e a produção ganhou o Leão de Ouro, como melhor filme, no Festival de Cinema de Veneza.
O teatro, na verdade, jamais deixou de ser sua prioridade. Em 1982, ela ganhava, por exemplo, os prêmios Molière especial e de melhor atriz por sua atuação em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant". São inúmeros os prêmios conquistados por Fernanda Montenegro ao longo de sua carreira teatral.
Apontada por colegas de palco como uma atriz capaz de aliar como ninguém técnica e instinto, Fernanda dá razão à teoria de Vittorio Gassman, segundo a qual os atores vivem uma espécie de esquizofrenia canalizada, uma forma de demência criativa da qual muitos não voltam, como foi o caso de Antonin Artaud.
Por sua enorme expressividade, foi qualificada por um crítico como atriz dotada de "rosto de borracha", tamanha sua capacidade de mudar a expressão e de se adaptar às características do personagem, sempre de forma convincente. Há quem diga que esse atributo foi herdado por sua filha, a atriz Fernanda Torres, que foi laureada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1986, como melhor atriz, por sua atuação no filme "Eu Sei Que Vou Te Amar".
Apesar de extremamente versátil, Fernanda Montenegro considera-se uma atriz convencional. "Pertenço a uma geração não romântica, sem vedetismos. Não gosto de intérprete que só trabalha quando o centro do palco é seu. Também odeio elencos subservientes. Gosto de trabalhar com atores potentes, que participam do ritual, livres da competição destruidora."
Essa grandiosidade, só encontrada em personalidades que reconhecem a humildade, lhe rendeu o convite para participar da vida política. Em 1985, foi convidada pelo então Presidente da República, José Sarney, para ser ministra da cultura. Obteve o apoio unânime de toda a classe artística e da opinião pública, mas recusou por saber não ser essa a sua real vocação.
Mas a relação com o poder nem sempre foi assim tão afável. Em 1979, ainda durante a ditadura militar no Brasil, Fernanda e seu marido foram alvo de um atentado por parte de um dos vários grupos paramilitares que atuavam com a conivência do sistema vigente. Saiu ilesa, mas, na época, precisou cancelar apresentações e atuou com as luzes do teatro acesas e amparada por seguranças durante algum tempo. Mas os anos de chumbo passaram e o talento de Fernanda Montenegro pôde ser cantado livremente na voz do cantor Milton Nascimento, que lhe homenageou com a música "Mulher da Vida".
Mulher dos palcos, dos estúdios de televisão e agora, mais do que nunca, cinematográficos, Fernanda Montenegro está tendo um merecido reconhecimento no cenário internacional por sua atuação em "Central do Brasil", filme do diretor Walter Salles. E, ao que parece, o "vírus" do cinema parece tê-la conquistado de vez. A atriz está em "Traição", filme dividido em três episódios, tendo como tema central o adultério. Fernanda tem participação especial em todos. Em um deles, é dirigida por seu filho, Cláudio Torres.
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