Esses
dias o Brasil vem tendo vários tipos de protestos em vários estados, e no
Espírito Santo não poderia ser diferente.
Nós
somos um estado cujo o governo simplesmente não demonstra o menor interesse nas
melhorias da população. Vemos investimento em projetos que em nada contribuem
para a melhoria do povo, pelo contrário, só viabilisa os cofres dos nossos
comandantes. A educação do estado encontra-se prejudicada, pois não há
investimento nas melhorias nas escolas públicas financiadas pelo Estado. O
atendimento público de Saúde vive um desespero, pois as pessoas esperam durante
meses – senão anos – para receber um atendimento que, devido as faltas de
condições – é precário. As pessoas precisam de mais de um emprego para poder
colocar comida na mesa, ou mesmo para sobreviver. Nossa segurança trabalha para
proteger bens públicos em vez de trabalhar para proteger o cidadão. E a cultura
do Estado do Espírito Santo investe em benefícios para trabalhos que vêm de
outras capitais, ao invés de injetar dinheiro nas melhorias dos espetáculos do
nosso estado.
Continuamos
uma constante briga pelo crescimento da cultura do Espírito Santo, mas tem sido
uma batalha sem vitoriosos, já que a Secretaria Estadual de Cultura do Espírito
Santo (SECULT/ES) continua a ignorar que existem fomentadores da nossa cultura
regional e investem em cultura de outras regiões.
Eles
podem até se justificar falando que o investimento é para termos conhecimento
dos trabalhos que são desenvolvidos fora daqui, mas e o investimento dos
trabalhos que são desenvolvidos aqui? Nos últimos anos, a capital – pois eu
resido nela e eu sei mais do que rola por aqui – tem sido motivo de piada
quanto a locais para apresentações de peças.
Depois
da Prefeitura Municipal de Vitória-ES ordenar o fechamento do Teatro Galpão, o
número de locais com preços acessíveis diminuiu
para zero.
Dessa forma, os trabalhos teatrais precisam se desdobrar,
contando com a boa vontade de espaços alternativos, como ocorreu com a
apresentação do espetáculo “Por Favor, Matem Minha Emprega 3 – 10 Anos Depois”,
escrita, dirigida e atuada por Wilson Nunes. Até mesmo o Theatro Carlos Gomes,
casa de espetáculos financiada pelo estado, cobra antecipado para apresentações,
o que se torna complicado, pois como um local de apresentações com
financiamento do estado e mantido pela Secretaria Estadual de Cultura, deveria
ter acesso facilitado para os espetáculos capixabas, mas não é o que ocorre,
como foi o caso do espetáculo “A Casa de Bernarda Alba” sob direção de José
Luiz Gobbi.
O
espetáculo conseguiu o feito de ter dois fins de semana de apresentação no
Theatro Carlos Gomes, mas com muito suor e esforço do diretor e sua produção,
que precisou negociar esse dois dias, pagando antecipado pelo local.
Graças a
Dioníso e Apolo que eles tiveram a casa cheia em todos os dias de apresentação,
o que lhe garantiu um retorno do investimento, mas a pergunta fica no ar: Por
que o teatro cobrou antecipado do espetáculo, sem que ele tivesse garantias de
que teria casa com público pagante ou não? Só porque ele queria um fim de
semana a mais? Aí está o absurdo, pois a preferência deveria ser dada a peças
teatrais do Espírito Santo, mas não. E o Theatro Carlos Gomes recebe
financiamento do estado, sendo assim, deveria cobrar algo mais viável aos
artistas que, na sua maioria, colocam seus trabalhos contando com o parco
recurso das leis de incentivo, seja municipal ou estadual. Leis estas que, as
vezes, não pagam nem metade dos figurinos que precisam ser feitos.
Mas a
maioria das coisas que eu escrevo é um desabafo pessoal de uma insatisfação que
já venho comentando há anos. Só que desta vez não fui somente eu que demonstrou
sua insatisfação.
O diretor José Luiz Gobbi, neste domingo (30/06/2013), publicou
no jornal A Gazeta, na coluna Victor Hugo, uma carta em resposta à SECULT,
demonstrando sua insatisfação com a forma como nossos agentes culturais são
tratados pelo referente Secretaria. Segue abaixo para apreciação de todos:
“Nós,
artistas que optamos por movimentar e fazer crescer a cultura regional do ES,
temos dificuldades até para falar com alguém da referida Secretaria, quanto
mais aprovar um projeto dessa natureza obscura: contratação desnecessária de
mão-de-obra cara e fora de nossa realidade. A SECULT MENTIU! A nós, capixabas,
é dito que devemos "apresentar o projeto no edital". O valor do
edital, de circulação, por exemplo, além das exigências diversas, se for
contemplado após uma disputa acirrada com dezenas de outros postulantes,
calculando impostos, não paga mais do que cinco mil reais por apresentação. E
isto é para cobrir despesas com grupos de, no meu caso, 11 pessoas, entre
elenco e equipe técnica. Portanto, em vez dos prolatados 15 mil pagos à
artista, o artista residente não ganha mais do 500 reais por apresentação. E,
ressalto, o dinheiro é todo gasto no ES, retornando num percentual alto ao
próprio Estado, movimentando o mercado e gerando oportunidades.
“Segundo,
ninguém ouviu falar de nenhuma oficina ou qualquer outro trabalho oferecido
pelo contrato. Já que a divulgação dos shows é por conta da contratada, talvez
por isso ninguém saiba das oficinas apregoadas pela SECULT.
“Terceiro,
despesa pública tem que ter finalidade pública e não vemos no caso relatado,
nenhum interesse público que justifique tal contratação exarcebada.
“Quarto,
quem precisa de apoio é a cultura capixaba e o artista que a produz. Este, é
obrigado e implorar pautas, pagar aluguel e tentar sobreviver de uma bilheteria
trabalhosa.
“Quinto,
a SECULT, quando faz tal contratação extrapola suas funções de fomentar e promover
a cultura do Estado, agindo como se fosse um produtor particular que traz um show
em busca de lucro. No caso, quem lucrou foi apenas a artista contratada. Penso
eu!
Concluindo,
a SECULT respondeu, mas não convenceu! A bandalheira ainda vai continuar?”
José Luiz Gobbi
Um comentário:
Tudo que se fala dos responsáveis pela cultura do Estado é pouco diante de tanta falta de compromisso e investimento. Deixam nítidos que não querem o povo familiarizados com a cultura. O teatro Carmélia em Vitória e o Teatro Municipal de Vila Velha é um forte exemplo do descaso com a Cultura. O estado tem pouca opção ou melhor dizendo quase nada de bons teatros. Precisamos aproveitar o momento e ir as ruas exigir melhorias no setor. Hoje não se consegue viver da arte e da cultura no estado quem sonha em ser ator acaba tomando raiva do segmento por falta de oportunidades. temos que unir todas as pessoas ligadas ao segmento e exigir respeito.
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