Esta semana as opiniões se inflamaram no Opiniões do Facebook, criado por Rosa Rasuck. O ator, diretor e produtor teatral José Luiz Gobbi, conhecido por ter eternizado a personagem Marly, de Milson Henriques, nas peças Hello Creuzodete, decidiu expressar sua insatisfação com a falta de espaços culturais para poder se apresentar espetáculos cênicos em Vitória e no Espírito Santo.
Gobbi tabalha com teatro há anos, tendo iniciado sua na UFES, quando esta tinha um grupo de teatro. Sua insatisfação foi um manifestação do que a grande maioria dos artistas cênicos têm sentido com a demolição do Edith Bulhões em 2010 e o fechamento do Teatro Galpão no começo de 2011, sem espaços como o Teatro Municipal de Vila Velha que se encontra fechado e o Teatro José Carlos de Oliveira, no Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, que somente abre em temporadas do Festival Nacional de Teatro “Cidade de Vitória”, pois o resto do ano encontra-se em constante reforma.
Bem, não vou me alongar neste texto, deixo-os com Gobbi, que me deu liberdade de juntar os textos (e mais alguma coisa que escreveu) aqui no blog Teatro Capixaba (Obrigado, Gobbi!):
POBRE CULTURA CAPIXABA! Não temos mais espaços para apresentações.
O teatro Carlos Gomes virou caixinha fechada para o capixaba, afinal uma política cultural montada em cima de editais, é política de exclusão e de divisão dos grupos produtivos. Antigamente, aquele teatro abrigava as estréias e temporadas locais, que tinham a preferência. Entendo, até, que se estabeleça sua ocupação por edital para grupos de fora, mas se o órgão gestor da política cultural não criar políticas de fomento e de criação de espaços, aonde iremos apresentar nossos espetáculos? Como motivar o surgimento de novos artistas e grupos teatrais? Como dizer para um jovem que siga em frente em seu desejo de ser "artista capixaba"? Será que, para preservação da espécie (e não só de atores, mas de músicos também) não se pode pensar em definir que, de segunda a quinta-feira, quando o teatro fica ocioso, os grupos locais com montagens, sejam estréias ou não, ocupem o espaço, mantendo a produção teatral local? O teatro fica fechado a maior parte do tempo, em função da "rígida" cultura de editais... O Teatro da Ufes já fechou a temporada de 2011, está todo ocupado, me foi falado por uma produtora local. Alguém ficou sabendo, ou melhor, os capixabas foram avisados que poderiam solicitar o teatro? Parece que já iniciaram a programação de 2012.E olha que o custo por noite lá é alto, mesmo sendo um teatro federal! O Teatro Galpão está fechado. O Teatro do Sesi, este sim, particular, também tem custo alto para as produções locais. O Teatro de Vila Velha, está abandonado. E eu, particularmente, sofro muito com isso, pois quando apresentamos, em 1992, a peça primeira da série "hello", ele, mesmo com suas dimensões reduzidas conseguia nos atender. Resta o de Viana, este sim, um teatro de bolso bem interessante. Como não tenho ido lá nos últimos tempos, espero que o poder público municipal continue cuidando dele. Afinal, tornou-se jóia rara, único local para apresentação dentro de nossa realidade. Estou preocupado, pois com o incentivo da lei cultural de Vitória temos que fazer nossa estréia na Capital, assim penso eu, afinal é dinheiro do município. Mas, aonde apresentar? Vamos todos fazer teatro de rua! Aliás, lugar de artista capixaba, pelo visto, é na rua mesmo! Porque casa não temos! Alguém pode me ajudar a raciocinar melhor? Aceito ajuda! Ou melhor, o teatro capixaba merece respeito e local! E que não seja apenas um, mas muitos! Dentro de nossa realidade.
Teatro Studio, na Cidade Alta, Teatro do Centro de Artes da Ufes, Teatro Carmélia, Teatro Scav e tantos outras pequenas salas que abrigaram a produção capixaba. Os espaços vão acabando e os existentes tem o acesso extremamente dificultado para nós. O que estão contruindo, excluindo o (pasmem!) do Sesc, instituição quase privada que se preocupou em fazer uma sala grande e uma menor para temporadas realísticas e deve inaugurar (a sala pequena) com texto de Milson, não contempla pequenas salas, quero dizer, do tamanho de nossa realidade. Isto é vergonhoso! Pagar pelo teatro universitário para mim significa o mesmo que fazer faculdade na Ufes pagando. Afinal, é federal ou particular? Se foi construído com dinheiro de nossos impostos, é mantido por verba pública, fica em Vitória, e, ainda assim, não podemos ocupar, desculpem-me, Vitória é a casa da mãe joana no mau sentido e que me perdoem as joanas. Política cultural de omissão, de não entender a realidade pulsante, de cegueira e de muito desatino. Já houve um tempo em que se via duas, três e até quatro montagens locais em cartaz... Hoje, tem sim, stand up comedy (cacete!) dos televisivos (nem tão vivos assim) por todo o lado. E o teatro Marista? Ah,meu amigo, fica lá longe, em Vila Velha. Um dia disseram que existe um abismo cultural entre os dois municípios, mesmo com as pontes. Elas transportam carros, não idéias nem ideais. A falta de visão metropolitana de nossos dirigentes e um planejamento de ação cultural não pode ser circunscrito a este pequena Vitória, mas pensar Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari e talvez mais algumas adjacências como uma verdadeira região metropolitana. Assim como se faz no mundo inteiro. Um existir circular de acontecimentos tal, que quando abríssemos os jornais, não veríamos apenas os shows baianos ou sertanejos que assolam nossa cultura e a mente de nossos governantes e empresários.
2 comentários:
Observação: no Facebook o grupo chama-se simplesmente Opiniões.
Corrigido!
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