O espetáculo esteve em cartaz no ano de 2009 e foi sucesso de público e crítica nos mais diversos sites direcionados à arte cênico-teatral. Agora este trabalho chega até Vitória, com produção local de Eneidis Ribeiro, e será encenada nos dias 18, 19 e 20 de junho de 2010 (sexta-feira, sábado e domingo), as 21h00 (sexta e sábado) e 20h00 (domingo) no Teatro do SESI, em Jardim da Penha. Os ingressos não poderiam ser em preços mais acessíveis, sendo R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
O trabalho que tem o nome de “Comunicação a uma Academia” é encenado pela Cia. Club Noir de São Paulo. O texto é de Franz Kafka e tem direção de Roberto Alvim. Abaixo segue o release enviado a mim por Elayne Batista, da M3 Marketing e Comunicação Total. Sinceramente, parece ser imperdível:
Vitória recebe o espetáculo “Comunicação a uma Academia”
Projeto idealizado pela premiada Cia. Club Noir de São Paulo, com texto de Franz Kafka, chega à capital selecionado pelo Programa BR de Cultura 2009/2010
Depois do sucesso de público e crítica em sua temporada no Projeto Vitrine Cultural 2009 (Centro Cultural Silvio Santos/SP); no Festival Internacional de Teatro (FIT), de São José do Rio Preto; no Fiac Bahia, na Mostra de Teatro de Uberlândia; no Espaço Mosaico, em Brasília; no Sesc Santo André; e em temporada no Teatro do Club Noir, a peça “Comunicação a uma Academia” – texto de Franz Kafka, direção de Roberto Alvim, com Juliana Galdino e José Geraldo Júnior no elenco – será apresentada dias 18, 19 e 20 de junho no Teatro do SESI, em Vitória. Este projeto foi contemplado pelo PROGRAMA BR DE CULTURA2009/2010 para circular por cinco capitais do Brasil (Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba e Vitória.)
Programa BR de Cultura
Lançado em abril de 2009, o Programa BR de Cultura foi criado com objetivo de dar maior transparência e democratizar o acesso à política de patrocínio cultural da Petrobras Distribuidora.
Parte integrante do Programa Petrobras Cultural, o Programa BR de Cultura também contempla projetos de continuidade, como o Cinema BR em Movimento e o Dançando para não Dançar.
A seleção pública desta edição (2009/2010) foi específica para circulação de peças teatrais e se configura como o primeiro plano de patrocínio cultural voltado unicamente para este segmento. Esta seleção visa promover o intercâmbio cultural entre os estados e disseminar os espetáculos que tenham conquistado notório resultado de público.
Sobre a peça
Em Comunicação a uma Academia, um macaco (interpretado por Juliana Galdino) metamorfoseado em homem, vigiado por um guarda armado (José Geraldo Jr.), faz seu relato, uma simples comunicação aos excelentíssimos senhores membros de uma Academia, acerca de sua história e, sobretudo, acerca do processo de sua transformação. Nada repentina: lutou (graças a um esforço que não encontra até hoje seu equivalente na Terra, ele afirma) para aprender a se comportar como um de nós.
Aprendeu a apertar mãos (o que para ele denota um coração aberto); a fumar cachimbo, costume que caracteriza civilização; a beber aguardente até a saturação, outro hábito que nos configura em nossa humanidade (embora o álcool lhe inspirasse absoluta repugnância); a falar (conquista suprema) e, por fim, a pensar como um de nós.
Por que ele o faz? Porque tornar-se um igual àqueles que o balearam, prenderam e torturaram cruelmente é (ele compreende) sua única saída. Tornar-se um igual e, consequentemente, abandonar sua natureza; tornar-se um igual, imitando convenções; tornar-se um igual, tão humano quanto o resto da humanidade é a sua saída.
O macaco se limita a relatar: não se lamenta, mas também não se orgulha. Era
progresso, ele diz, no sentido em que me libertou da jaula e me proporcionou esta saída: uma saída humana...
O macaco fala diante de nós, como se prestasse contas (embora não admita ser julgado por homem algum) – e por meio do discurso, pensa e conforma, gradualmente, sua visão de mundo. Reflete e compara sua condição animalesca anterior com a atual humanidade conquistada – hesita, se contradiz, torna-se agressivo, sarcástico, niilista, arrogante, frágil e perplexo. Tornou-se outra coisa – foi forçado a fazê-lo, morreria se permanecesse ele mesmo. Precisava tornar-se como os que o espreitavam do lado de fora da jaula... Agora não está mais preso, mas percebe que tampouco está livre. Afinal, tornou-se um homem e aos homens (ele descobre) não cabe a liberdade.
Comunicação a uma Academia desenha o processo pelo qual alguém se torna “humano”. Isto é, o processo que leva um indivíduo (ou mesmo todo um povo) a abraçar voluntariamente uma idéia hegemônica relativa ao que é ser um ser humano, sob o risco de exclusão da comunidade global. Metáfora terrível de toda forma de condicionamento, colonialismo, adestramento e aculturação, o texto de Franz Kafka suscita a reflexão a respeito de questões urgentes e graves da era globalizada.
A encenação é minimalista. O palco, praticamente vazio de objetos, está repleto das palavras da “criatura”. Conforme a pesquisa da Companhia, o trabalho será pautado na imobilidade dos atores, em movimentos mínimos (mas significativos), numa luz fria e crepuscular e no emprego musical da fala, alternando ritmos, sensações e sobreposições.
O diretor Roberto Alvim, que assina também cenário, iluminação, figurinos e trilha sonora, criou um ambiente frio, asséptico, claustrofóbico. As paredes do cenário são forradas por placas de mármore verde-musgo, com uma grande cabeça de cervo empalhada no alto. Nesse lugar, separado da platéia por uma corda de isolamento, o macaco fala e sua palestra ocorre sob a tensão constante oriunda da presença vigilante de um guarda armado com um rifle.
A encenação de Comunicação a uma Academia, de Franz Kafka, destoa da proposta inicial da Companhia CLUB NOIR (que é a de produzir exclusivamente peças de autores contemporâneos). Isso se deu devido ao encontro da companhia com a obra; as questões nela presentes (urgentes em seu conteúdo e, brilhantemente, compostas em sua forma), a síntese altamente dramática elaborada por Kafka, tornaram o texto incontornável para nós. Sua pertinência e atemporalidade tornam seu diálogo com o público de hoje tão potente quanto aquele estabelecido pelas melhores obras produzidas na contemporaneidade.
Sinopse
Diante de uma Academia não especificada (uma representação alegórica de todas as instituições dedicadas ao conhecimento humano), um macaco se apresenta, com o intuito de fazer uma estranha comunicação: o relato de como se tornou humano. Separado por uma linha divisória dos excelentíssimos senhores acadêmicos e, constantemente, vigiado por um discreto, mas atento, guarda armado, ele fala. Ao falar, revela o processo de transformações gradual e incontornável, por meio do qual se tornou o que não era.
Ficha Técnica
Texto: Franz Kafka
Tradução e direção: Roberto Alvim
Elenco: Juliana Galdino e José Geraldo Jr
Cenário, iluminação, figurinos e trilha sonora: Roberto Alvim
Produção Executiva: Danielle Cabral
Assistente de produção: Júlia Novaes
Fotos: Julieta Bacchin
Serviço
Teatro do Sesi
End.: Rua Tupinambás, nº 240, Jardim da Penha, Vitória (anexo ao Sesi Jardim da Penha)
Dias: 18,19 e 20 de junho
Horários: sexta e sábado 21h e domingo 20h
Ingressos: R$10,00 e R$ 5,00 (meia entrada)
Duração: 50 minutos
Classificação: 16 anos
Informações: Eneidis Ribeiro/ Tel.: (27) 9727-2086
Club Noir
A companhia foi criada, em 2006, pelo diretor e dramaturgo Roberto Alvim e pela atriz Juliana Galdino, com o objetivo de encenar, exclusivamente, autores contemporâneos. Club Noir já produziu seis espetáculos: Anátema (monólogo de Roberto Alvim, com Juliana Galdino); Homem sem rumo, do autor norueguês Arne Lygre, indicado ao Prêmio SHELL (SP) de MELHOR DIREÇÃO e MELHOR ILUMINAÇÃO (ambas as indicações para Roberto Alvim), e para o PRÊMIO BRAVO! de Melhor Espetáculo Teatral do ano; O QUARTO, primeira peça do dramaturgo inglês Harold Pinter, com tradução e direção de Roberto Alvim, indicado ao Prêmio de Melhor Espetáculo do Ano pela COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO, e vencedor do PRÊMIO BRAVO! de Melhor Espetáculo Teatral do ano; COMUNICAÇÃO A UMA ACADEMIA, de Franz Kafka, com direção e tradução de Roberto Alvim, indicado ao Prêmio SHELL (SP) de Melhor Atriz para Juliana Galdino; A TERRÍVEL VOZ DE SATÃ, de Gregory Motton e está em cartaz no CLUB NOIR H.A.M.L.E.T. versão do clássico escrita por Roberto Alvim com direção de Juliana Galdino.
ROBERTO ALVIM (1973). É autor e já dirigiu 18 peças encenadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, França (Paris), Argentina (Córdoba) e Suíça (Lausanne). Sua obra já foi traduzida para o italiano, francês, espanhol e grego, e há publicações teóricas sobre o seu trabalho no Brasil, Argentina, Espanha e França.
Foi Professor de História do Teatro e Literatura Dramática no Curso Profissionalizante da CAL (RJ) de 2000 a 2004; também lecionou Dramaturgia na Universidade de Córdoba (Argentina) em 2005, além de ministrar Oficinas para novos dramaturgos em diversos Estados do Brasil (Acre, Ceará, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, a convite de Festivais e do Ministério da Cultura - FUNARTE). De 2001 a 2004, exerceu a função de Diretor Artístico da Sala Paraíso – Teatro Carlos Gomes (RJ), onde criou o projeto Nova dramaturgia Brasileira, que ajudou a consolidar uma nova geração de dramaturgos na cidade do Rio de Janeiro. Em 2005, exerceu a função de Diretor Artístico do Teatro Ziembinski (RJ), onde coordenou o Centro de Referência da Dramaturgia Contemporânea, com o patrocínio da Prefeitura do Rio. Em janeiro de 2006, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde fundou com a atriz Juliana Galdino a companhia CLUB NOIR.
Foi o primeiro dramaturgo brasileiro publicado na mais importante coleção de dramaturgia contemporânea européia, a Les Solitaires Intempestifs, em 2005, com sua peça “Às Vezes é preciso usar um punham para atravessar o caminho”, também traduzida para o espanhol e publicada na Espanha e Argentina.
Em 2008, lecionou Dramaturgia na Escola Livre de Teatro (ELT) de Santo André (SP) e, desde então, leciona Dramaturgia e Interpretação no Estúdio de Criação Dramatúrgica, situado na sede da companhia Club Noir, em São Paulo.
Em 2009, assumiu a coordenação do Núcleo de Dramaturgia do Sesi – Curitiba, lecionando Dramaturgia para novos autores curitibanos. Em 2010, foi convidado a assumir a Curadoria do Festival Internacional de Teatro (FIT) de São Jose do Rio Preto.
JULIANA GALDINO é atriz e diretora. Trabalhou de 1999 a 2006 com o diretor Antunes Filho, em São Paulo, atuando em uma série de espetáculos como: “Fragmentos Troianos”, Foi Carmen Miranda, “O Canto de Gregório”, “Prét-à-Portêr 3, 4, 5, 6 e 7” e protagonizando os espetáculos “Antígona e Medéias 1 e 2”, que lhe rendeu o Prêmio SHELL 2002 de Melhor Atriz. Em 2006, exerceu a função de Professora de Interpretação na USP (ECA) e fundou, com Roberto Alvim, a companhia Club Noir. Em sua Cia. leciona Interpretação na oficina de Atuação com Foco na Dramaturgia Contemporânea. Atuou nos seguintes espetáculos: “Anátema”, de Roberto Alvim; “Homem sem rumo”, de Arne Lygre; “O Quarto”, de Harold Pinter; “Comunicação a uma Academia”, de Franz Kafka e “A Terrível voz de Satã”, de Gregory Motton. Em 2007 e 2008, lecionou em uma série de cursos livres de Interpretação na galeria b_Arco (SP).
José Geraldo Júnior - É integrante da Cia. Clube Noir, desde 2007. Fez parte da Oficina Uzina-Uzona nos espetáculos “As Bacantes” e “Os Sertões”, direção de José Celso Martinez Corrêa. Trabalhou com Antunes Filho no grupo Macunaíma, com Luis Valcazaras no N.I.T.E e foi assistente de direção da peça “O Homem da Tarja Preta”, de Contardo Calligaris, com direção de Bete Coelho.
PATROCÍNIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário