Essa semana já começou muito bem. Na terça-feira (06/01/2009), a Escola de Teatro e Dança Fafi abriu as incrições para seus cursos e oficinas. Os cursos são tanto para a área de dança, como para teatro, e vão desde o amador até o profissionalizante. Já as oficinas são por curto período, no intuito de levar as pessoas à prática de algo que lhes faça se aproximar da arte cênica. Além da Fafi abrir as incrições, reestreou, por um curto período, “O Figurante Invisível”, que irá para o nordestedo país. E agora, volta ao Auditório da FAFI, “O Rei da Vela”, uma Leitura Dramática que foi resultado de uma oficina promovida pela Escola e apoiada pelo SESC. O Texto é de Oswald de Andrade e foi escrito em 1933, durante o Movimento Modernista, movimento este que mudou a idéia cultural em São Paulo. O texto foi escrito nesse período, mas somente foi publicado 34 depois e teve sua primeira montagem pelo Teatro-Oficina de José Celso Martinez Correa.
Repriso aqui os dado que me foram enviados na época e algumas fotos da leitura. Abraços a todos e bom espetáculo!
Sesc Dramaturgia
Leituras em Cena
Com o objetivo de propiciar o conhecimento, a prática e a democratização das Artes Cênicas, o projeto nacional “Sesc Dramaturgia: Leituras em Cena”, completando agora dez anos de existência, apresenta a Leitura Dramática do texto: “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, considerado um dos grandes escritores modernistas brasileiros. O desenvolvimento desse projeto, em parceria com a Escola de Teatro e Dança Fafi, tem obtido uma ótima repercussão junto ao público e, tanto pela qualidade resultante de uma oficina de preparação e o processo de pesquisa quanto pela realização da leitura, em muito vem contribuindo para a formação de platéia para o movimento do teatro capixaba.
Oswald de Andrade
Nascido em São Paulo, Oswald de Andrade (1890-1954) foi poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo. Em defesa da pintura expressionista de Anita Malfatti, tornou-se figura de destaque no Modernismo Brasileiro, além de trazer de sua viagem à Europa as idéias das vanguardas daquele continente, sobretudo as futuristas de Marinetti. Teve intensa participação na Semana de Arte Moderna, lançou o Manifesto Pau-Brasil e fundou a Revista Antropologia. Oswald inaugura uma nova forma de teatro no Brasil, o Teatro Antropofágico (resultado do Movimento Antropofágico, que tinha por objetivo a deglutição da cultura do exterior e dos descendentes das nações que habitam o Brasil), estabelecendo um constante diálogo com outras culturas, outras obras e outros contextos. Fato este que afirma a contemporaneidade como seu traço mais marcante, ou seja, sua obra vai revelar uma inovadora dramaturgia a partir da relação intertextual, social e política da época para assim, refletir as contradições da cultura brasileira daquele momento.
O REI DA VELA
Oswald de Andrade
A proposta de leitura dramática da peça “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, se sustenta – para além da importância de seu sentido estético – como um resgate dessa relevante obra de comemoração dos 40 anos da Tropicália (“movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira” – Wikipedia). “O Reis da Vela”, de Oswald de Andrade, apesar de escrito em 1933, justifica-se – em primeiro lugar – por ser o autor de grandes expoentes do modernismo no Brasil que, diga-se de passagem, é o ponto de partida do movimento tropicalista. Em segundo, foi justamente no apogeu do tropicalismo que José Celso Martinez Corrêa, com o seu Teatro-Oficina, encenou “O Rei da Vela”, considerado o espetáculo-manifesto, que se tornou referência para muitos outros gêneros artísticos como a música, o cinema, as artes plásticas e a literatura.
Wilson Coelho, Outubro/2008
Direção: Luciana Moraes
Iluminação: Edgard Barbosa
Sonoplastia e Trilha Sonora: Murilo Iglesias
Cenário e Figurino: Produção Coletiva
Coordenação de teatro: Wilson Coelho
Foto: Daiana Scaramussa
Realização: SESC/ES e FAFI
Elenco: Carlos Henrique Felberg (Abelardo I); Luciana Soares (Dona Cesarina); Daniel Polt (cliente; Totó Fruta do Conde); Erik Martincues (Americano; Perdigoto); Felipe Piethá (Coronel Berlamino); Ismael Inoch (Pinote Intelectual); Luciana Busatto (Joana (João dos Divãs)); Mell Nascimento (Dona Poloca); Nazaré Xavier (Secretária nº 03); Thiara Pagani (Holisa de Lesbos); Werlesson Grassi (Abelardo II)
O Movimento Modernista
Iniciado em 1922, centrou-se principalmente na literatura e nas artes plásticas. Na década de 1920, entretanto, nada de expressivo aconteceu no teatro. Somente na década seguinte, com a dramaturgia de Oswald de Andrade, é que começava a nascer, efetivamente, o teatro moderno no Brasil. Entretanto, as peças de Oswald ficaram inéditas para o palco até 1967. Em “O Rei da Vela”, percebe-se já a forma irreverente de se tratar das próprias tendências vanguardistas. Tome-se como exemplo a passagem em que o intelectual Pinote (que usava uma faca para darfacadinhas, insto é, pedir dinheiro emprestado) explica para Heloísa que não é mais um escritor adpto do movimento futurista. PINOTE: “Cheguei a acreditar na independência… Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não receber me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aqueleinstrumento (mostra a faca) e fiquei passadista”.¹
1. Andrade, Oswald de. O Rei da Vela. 2ª Ed. São Paulo: Globo, 2004. Obras Completas de Oswald de Andrade. p. 58.
A crítica quando bem elaborado, sempre enriquece o conteúdo, então critique com sabedoria!
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