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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Que teatro é esse? Atores de Vitória batalham por espaço

Quanto mais a gente caça, mais informações interessantes acha pela internet. Hoje (25/09/2008), procurando as informações sobre as nove peças capixabas que participarão do 4° Festival Nacional de Teatro da Cidade de Vitória, me esbarro com essa matéria do jornalista Rodrigo Rezende. A matéria saiu no Gazeta Online em 12/09/2008 (sexta-feira) e é bem interessante. Segue junto a matéria:

Que teatro é esse? Atores de Vitória batalham por espaço
12/09/2008 - 20h34 (Rodrigo Rezende - Redação Gazeta Rádios e Internet)

Teatro é a arte que aguça sensações, que permite a troca de experiências entre ator e público; é um fenômeno transposto no presente e no imaginário das pessoas. É uma arte de percepções individuais, dentro da coletividade. Esta expressão artística apareceu na Grécia Antiga, no século IV a.C., motivada pelos festivais anuais em consagração a Dioníso, o deus do vinho e da alegria. O ator e empresário cultural José Augusto Loureiro luta por melhores condições para se produzir teatro no Espírito Santo. Em um raio X da cena teatral, pode-se constatar dois problemas críticos que atrapalham a popularização deste estilo artístico. A falta de divulgação das peças, motivada pela ineficiência da relação entre atores e meios de comunicação (fato que gera obstáculos para o acesso à informação para o público) e as salas de teatro vazias. "Para se fazer teatro no Estado tem que se ter paixão pela arte", ressalta o ator.Este impasse faz com que esta arte fique desprestigiada e, segundo José Augusto, a solução para o quadro endêmico da cultura capixaba é um maior apoio do Governo, por meio de políticas de incentivo cultural. "Temos leis de estimulo para produzir o espetáculo, mas, quando chega a hora de apresentar, o retorno do público é fraco. O Estado, em geral, deveria trabalhar a formação de platéia - como aconteceu em Belo Horizonte, que tem, em média, 130 espetáculos ao ano", salienta.
José Augusto ainda diz que não precisa ser de elite para gostar de teatro. "As pessoas devem ter a arte como necessidade básica. Isto pode ser conquistado com programas de formação de público, que podem ser feitos em escolas, em comunidades, promovendo, desde cedo, o contato de jovens com o teatro"."O interesse do público é muito restrito. As pessoas, às vezes, curtem um ídolo de televisão, mas, o teatro como uma fonte de pesquisa que procura questionar a situação do indivíduo, é pouco visado. Há 25 anos, essa situação era bem diferente, o movimento teatral era mais presente. Hoje temos uma grande dificuldade em encontrar pessoas dispostas a discutir o teatro", comenta.

Teatro que se vê

Porque os artistas globais, quando estão no teatro, lotam os espetáculos, mesmo que sejam de má qualidade? Para contrariar a regra, em maio deste ano, a atriz Sandra Corveloni levou o Prêmio de Melhor Atriz, no 61º Festival de Cannes, por seu trabalho em Linha de Passe, de Walter Salles. Ela construiu sua carreira nos palcos e a premiação foi uma surpresa para muitos, talvez, por ela não figurar em novelas da televisão.
A postura descompromissada de alguns aprendizes faz com que se crie a idéia de que o público tem no teatro apenas uma forma de entretenimento, o que é muito vago. "Queremos um teatro que questione a condição do ser humano, que contribua para modificações do pensamento", diz José Augusto. De acordo com José Augusto, que também é professor de teatro, a maioria das pessoas que procuram aulas têm o interesse de serem vistas, sem muita noção do que é ralar em cena e nos ensaios. Muitos dos que entram no curso nunca leu um texto de teatro ou viu uma peça. "Falo sempre para meus alunos que a melhor maneira para saber se gosta de fazer teatro é se enconstar em um grupo. Começar a fazer contraregragem e ver se realmente é mesmo o interesse deles. A vida de ator é quase um sacerdócio, tem que ter compromisso. Não ter feriado, fim-de-semana. É um negócio de gente doida".

Alternativa para o teatro

Os grupos de teatro configuram-se como a vanguarda desta arte. As peças que apresentam um tom questionador e fazem a platéia refletir são feitas por núcleos isolados de artistas que acreditam em sua produção.Na Grande Vitória, destacam-se os grupos Tarahumaras - que exista há mais de 20 anos -, dirigido por Wilson Coelho; a Companhia de Teatro Experimental, comandada por Priscila Poeta; o grupo Z de Teatro, de Fernando Marques; e o Grupo Quintal, idealizado pelos atores José Augusto Loureiro e Ednardo Pinheiro, e dirigido por Telma Smith, 31 anos.
Grupo Quintal estréia no fim de setembro, no Teatro Galpão, "O Figurante Invisível", que é um ensaio de uma peça. A trama é construída dentro do universo de um grupo de atores que vão interpretar a remontagem Antigona, de Sófocles. "Hora os atores conversam, hora interpretam Antigona. Nestes diálogos surgem temas sobre a vida e o cotidiano do teatro. Fala-se sobre as mazelas e as coisas boas em se fazer teatro. Nossa história se reflete ali. No 'Figurante Invisível', os profissionais do teatro são representados", conta Telma.Segundo o texto, os problemas no teatro sempre aconteceram. Há 2 mil anos dizem que esta arte morreu, mas o quadro atual é preocupante. "Vivemos em uma sociedade consumista, e no teatro você tem o que? Você não leva nada material, não tem um DVD, um CD. Fazer teatro é algo esquizofrênico, parece que fazemos peças para um público, normalmente, formado pelo povo do teatro. Meu objetivo é chegar ao público sem adaptar o meu discurso à realidade da maioria. Acredito que o teatro é uma mídia transformadora", diz a diretora da peça."Nosso grande desafio é chamar o público para o teatro. Acho que a televisão é uma boa mídia. O espaço no jornal é ínfimo. Acho que a formação do público necessita de políticas públicas, organizadas, e fora do pessoalismo. A obra deve ser maior que o artista, deve falar por si", completa.O Grupo Z de Teatro realizou recentemente uma temporada com a peça "Quatro intérpretes para cinco peças". O espetáculo compreende cinco textos que marcaram o teatro brasileiro na segunda metade do século XX. São elas: "O beijo no asfalto" (Nelson Rodrigues), "Dois perdidos em uma noite suja" (Plínio Marcos), "Hoje é dia de Rock" (José Vicente), "Trate-me Leão" (Hamiltom Vaz Pereira) e "O livro de Jó" (Luiz Alberto de Abrel). Estas peças foram o ponto de partida para a criação de um novo trabalho, escrito pelo dramaturgo Fernando Marques. A obra estreou no ano passado e é um espetáculo que transita na linguagem do teatro e da dança.
Marques também é diretor e um dos fundadores do Grupo Z, formado em 96. "Tinha o desejo de fazer o teatro de grupo, que pudesse se basear em um pesquisa, executada por uma equipe que trabalhasse de forma contínua. Hoje somos cinco atores e já Colocamos 10 peças em cartaz". Atualmente o Z, além da obra "Quatro intérpretes para cinco peças", está com os espetáculos "O Grande Circo Ínfimo", "Incessantemente" e "Etc... E Tal". Sobre o nome "Z", o dramaturgo tem 'n' razões para explicar, mas brinca que todas são mentirosas. "Z é z de zero, e zero é sempre o ponto de origem, original. É de Z de Zorro, de super-herói, que não se cansa. E se cansar é Zzzzz... em quadrinhos; é o som da abelha, que adoça e venena, e de zangão. Z não tem sangue de barata e está sempre pronto para recomeçar".

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