Sempre pensei em “Na Coxia” como um espaço para opiniões, fossem para peças teatrais, fosse para falar sobre o cenário cênico-teatral do Espírito Santo.
O espaço não é somente para eu expressar minha opinião, mas para qualquer artista que desejar colocar suas ideias para serem lidas, tanto que já o abri para as atrizes Lilian Menenguci e Chai Rodrigues, como também para os diretores José Luiz Gobbi e Wilson Nunes.
Desta vez eu abro espaço para o diretor Rodrigo Sabará. Capixaba, mas que fez uma longa carreira teatral em Macaé e Rio das Ostras, integrando – e funbdando – o Grupo Pégasus de Teatro. Rodrigo voltou para o Espírito Santo para a montagem de um espetáculo e terminou se firmando em Serra – ES e montando o Teatro Variável, que além de fazer montagens teatrais, oferece cursos. Além de diretor, Rodrigo já trabalhou como ator e ultimamente tem trabalhado para que o município de Serra – ES tenha um espaço para espetáculos, fazendo intervenções culturais e ativismo volutário para conseguir este espaço. Mas a luta diária contra os sistemas governamentais de um Estado são bem complicados, mas não quer dizer que ele esmoreça, pois continua tentando, tendo apoio de vários astistas cênicos residentes em Serra, que sentem falta de um espaço para poderem estar propagando a cultura na cidade.
Mas chega de delongas, deixo-os com o diretor Rodrigo Sabará:
Nossa Cultura
Editorial 01/2014
Teatro Variável
A falta de um teatro no município Serra - ES representa diretamente a falta de atenção à esta área.
Dirão... Cultura não é prioridade! E direi, claro, nunca foi, nem acredito que um dia será. Porém, isso é desculpa para não fazer nada e, pior, ficarmos séculos atrasados em comparação a cidades até do interior do estado que possuem mínima estrutura cultural.
No nosso município o principal problema é que não temos, sequer, uma Secretaria de Cultura, e sim um “departamento” e, ano após ano, muda-se a administração e continua a nomeação de pessoas por amizade, não por conhecimento na área de atuação. Entendo que alianças políticas dependem de se entregarem secretarias a aliados, no entanto, isto já é feito com grandes pastas da administração, e justo a cultura, que não tem verba e aqui nunca teve à frente alguém conhecedor da área, fica entregue também a pessoas que ignoram o que precisa ser feito!
Então, gostaria de alertar ao senhor prefeito de nossa cidade, que não precisa de vultosas verbas, é necessário apenas ter uma Secretaria que tenha autonomia e pessoas capacitadas para fazer gestão cultural.
O que tem sido feito é somente destinação de verba pública para o entretenimento, como shows e festas que na verdade não fazem parte daquilo que é demanda cultural, pois a cultura é parceira da educação, do meio ambiente e do social, a cultura é a prática das artes, dá aos nossos cidadãos civilidade, mas aqui não se tem acesso a aulas de música, dança, teatro, pintura, artesanato, nem mesmo espaço e mecanismos legais para o artista promover seu trabalho.
O que tem de ser feito, não é algo tão difícil, tendo em vista que estamos na lanterna e podemos seguir os inúmeros exemplos de outras cidades.
Antes de verba, precisamos de gestão pública competente, promovendo e fomentando as artes, não somente o entretenimento.
A atual gestão está desastrosamente conseguindo piorar e politizar com ignorância o que já não funcionava. Trocamos seis por meia dúzia, nada mudou, pois em um ano nada foi feito e o edital da lei Chico Prego deste ano está sendo manipulado, e talvez por desconhecimento, estão cometendo atos ineptos, nada éticos, e alguns até ilegais, que não dão atenção à cultura local, aos artistas. Mérito, qualidade, isto não está contando, só conta quem puxa o saco.
Na lei Chico Prego, aceitam o projeto e depois de 3 meses em sala trancada indeferem alegando falta de documentação, e nesta declaração cometem dois erros grosseiros, o primeiro de chamar de recurso algo que não pode apresentar nem acrescentar documentos e o resultado não será alterado, então, não se caracteriza recurso; e segundo, citam um decreto que ao conferi-lo diz respeito a apresentações de documentos de tributos municipais, e o meu projeto, pelo menos segundo eles, falta apenas certidão negativa federal. Mas isso é o de menos, o pior é ver que há espaços públicos que poderiam ser ocupados e promover arte e cultura, e estão abandonados! Sabemos que precisamos criar uma série de leis, mecanismos e gerenciamento para promover a arte e a cultura na nossa cidade e ninguém nem menciona o assunto.
Participamos da Conferência de Cultura que foi “para inglês ver”. Nada foi publicado, nenhum compromisso foi assumido, só manipulação e engavetamento de papeis.
Enquanto isso, a violência cresce em índices alarmantes, aumentam também a ignorância e a falta de progresso civilizado. E ainda dizem que cultura não é prioridade, mas sabe-se que ela contribui muito, gastando-se (investindo-se) pouquíssimo.
Não pedimos dinheiro, pedimos competência. Faça o que tem de ser feito ou procure saber...
Rodrigo Sabará.
Diretor do Teatro Variável, Serra – ES.
17 de janeiro de 2014.
Um comentário:
Justo a Serra, que tem uma riqueza cultural grande em seu povo. Manifesto apoiado. E parabéns pelo blog. Ajudando a tomar pé da situação do Teatro em nosso Espírito Santo. Vejo que desde que me mudei para São Paulo, as políticas culturais não evoluíram muito, principalmente com relação ao Teatro. Mas feliz em ver que a arte procura novos caminhos por aí. Bom de saber, agora que planejo meu retorno pra casa.
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