Domingo (21/04/2013) tive
o imenso prazer de ir assistir “A Casa de Bernarda Alba” no Theatro Carlo
Gomes, em Vitória/ES.
O espetáculo é uma
adaptação da obra do dramaturgo e poeta espanhol Frederico Garcia Lorca
(1898-1936), assassinado durante o regime fascista do General Francisco Franco
(1892-1975), feita por Vanessa Schaydegger.
A peça, no original,
conta com muitos personagens transitando nos três atos. Já na adaptação,
Schaydegger se concentrou em manter a intriga que ocorre dentro da casa de
Bernarda Alba, matriarca linha dura, entre ela, suas cinco filhas e sua
empregada mais antiga, Poncia, testemunha e cumplice de tudo que ocorre.
O drama é pesado e tem
uma enorme carga dramática que as atrizes Lilian Menenguci, Fabiane Simões,
Giovana Voig, Victoria Ramos, Eneidis Ribeiro e Marcia Moraes, que interpretam
as personagens, carregam para o palco, com a direção de José Luiz Gobbi, que
fez da casa um jogo de cena, com cadeiras e dois armados de ferro, que dão a
movimentação e enriquecem a cena.
A carga dramática dada
pelas atrizes é fenomenal, pois mesmo que personagens como a frágil Angustias, que ganha corpo e voz n a interpretação de Victoria Ramos, ganha
um enorme peso na interpretação. O peso da idade também pode ser notado na
interpretação da atriz Lilian Menenguci que da vida a matriarca Bernarda Alba,
que além de se locomover com peso sobre uma bengala, tem uma voz cansada e
fatigada, mas que sabe ainda como comandar a própria casa. Outra que também
demonstra um total serviência e um cansaço do tempo é a atriz Fabiane Simões
interpretando Poncia.
Esta testemunha de tudo que ocorre na casa, as vezes faz
o papel de cumplice das aventuras da jovem Adela, interpretada pela atriz e
bailarina Giovana Voig, que mostra um faceta solta e destemida da personagem,
capaz de enfrentar tudo e todos pelo que deseja. A atriz Eneidis Ribeiro também
está excelente no papel de Martírio, perseguindo Adela e demonstrando seu
ciúmes pela irmã ser tão livre. A persoangem de Madalena, interpretada pela atriz Márcia Moraes, também tem enorme
importância, observando a tudo e a todos, mas sem deixar esmorecer.
A trilha sonora e a
iluminação enriquecem ainda mais o espetáculo, dando o tom carregado e pesado,
ao qual o próprio diretor fala antes da peça se iniciar. Gobbi ainda menciona
que podemos ver Bernarda Alba, personagem esta baseada por Lorca em uma pessoa
real, pode ser vista como o Regime Franquista, autoritário e recessor, enquanto
a personagem de Adela pode ser visto como o povo espanhol, buscando sua
liberdade, não importando que medidas deverá tomar.
No folder do espetáculo,
citam Lorca: “ ‘O teatro é uma poesia que sai do livro e se faz humana’. Só
assim, ‘fala, grita, chora e se desespera’. [...] ‘As personagens têm que ser
tão humanas, tão horrorosamente trágicas e ligadas à vida’ [...] ‘com uma força
tal que mostrem suas tradições’ [...], suas dores, amor ou asco”, e tudo isso
consegue se ver nesta adaptação de “A Casa de Bernarda Alba”, pois mesmo as
palavras duras são como poema em cena, ganhando corpo na interpretação dessas
bravas atrizes que assumem o papel de mulheres movidas por alguma necessidade.
Espero o retorno em breve
deste espetáculo, que merece mais do que uma curta temporada no Carlos Gomes,
ganhando outros palcos e mais apresentações.
Fotos: Sávio Heringer (http://www.savioheringer.com.br/)
3 comentários:
Assisti no sábado e entrei em completo transe no fim da peça. Não conseguia me levantar e senti uma imensa vontade de chorar. Me senti órfã e segundos depois consegui perceber que a intensidade toca a alma. Também lamento que tenha sido tão curta temporada. Foi realmente um privilégio.
Assisti a produção A casa de Bernarda Alba, foi um presente para nós capixaba. Pude viver intensamente aqueles momentos. Senti um certo medo de Bernarda... A direção e o elenco estiveram impecáveis. Que venha outras. O E.S merece. Aplausos!!!
Muito bom o seu post sobre a peça, esperamos em breve estar de volta, um grande abraço!!!
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