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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Na Coxia: 5º ECAET



Faz três anos que não venho ao blog Teatro Capixaba publicar algum material relacionado às artes cênicas. Muito disso foi devido a falta de material para divulgar e as facilidades das redes sociais.

Não que o Espírito Santo tenha parado de gerar peças teatrais ou mesmo material sobre teatro, mas sim pela falta de crença que um espaço como o blog fosse um meio de divulgação dos trabalhos cênicos que ocorrem no estado. Isso frustra e decepciona muito e também cansa, pois por mais que eu tenha me afastado dos palcos, eu ainda amo essa arte marginal.

Eu não subo em um palco de teatro desde que o artista Rodrigo Sabará me convidou para ser o papa Alexandre VI na peça “Lucrécia, o Veneno dos Bórgia” – que terminou não indo para frente devido a vários problemas. Cheguei a participar dos trabalhos iniciais de “O Passáro Azul” do Clã de Teatro e ensaiei, durante um curto período, “Boulevard 83” do Grupo de Teatro Empório, mas eu não conseguia me ver em um palco mais. Cheguei a fazer um trabalho cênico na minha Faculdade – porque descobriram que eu tinha trabalhado com teatro –, mas não foi nada muito sério, somente uma “brincadeira”.

Então o blog surgiu como uma forma de eu divulgar o material de uma arte que amo, mas que não só me via como público. Não sou um especialista, mas falar sobre teatro é como falar sobre vida em movimento. No palco acontecem e são encenados trabalhos que podem refletir a vida de qualquer um ou pode-se, simplesmente, desenvolver uma fantasia, onde você “viaja”, esquecendo-se do mundo mundano. E eu gostava – minto, gosto – muito disso. Teatro é respirar arte e aprender a se distrair e apreciar, com grande apreço, uma forma de se criar.


Por que dessa longa introdução? Pois eu senti um grande prazer nesse fim de semana ao ser convidado pelas produtoras Karina Assunção e Carolina Moreira e o produtor – e criador – Wanderley Nicolas Anim (que eu chamei de Wellington... SHAME!!! (desculpa Wanderley!)) para fazer parte do corpo de jurados do 5º Encontro Capixaba de Estudantes de Teatro (ECAET).

O festival – posso chamar assim, pois existe escolha e premiação, não somente apresentação de peças, como ocorre em outro festival do estado – traz apresentações amadoras de escolas e estudantes de teatro, buscando aprender cada vez mais com a experiência de palco. Foram cinco apresentações teatrais, intermediadas por apresentações musicais, que traziam peças antigas e experimentos cênicos. Um verdadeiro e grande movimento cultural no Teatro Municipal de Vila Velha.

Uma coisa que se deve destacar é que esse festival não conta com incentivo cultural ou qualquer apoio das mídias especializadas do estado do Espírito Santo. É todo feito na raça e na coragem, com os produtores e apoio técnico correndo atrás de apoios e trabalhando arduamente para que o festival ocorra. Então, problemas técnicos podem ocorrer e, às vezes, atrapalham o desenrolar, mas não prejudicam o desenvolvimento.

E, por ser um festival de peças amadoras, com estudantes de teatro realizando trabalhos cênicos, podemos ver falhas na interpretação e na técnica, mas sempre somos agraciados por atores que chamam a atenção.

Sempre usei esse espaço para falar abertamente e, como público de teatro – como me considero nos dias de hoje – poder falar como me sinto com o que vejo. Então, não vou mentir que me senti um pouco intimidado com as apresentações, pois é complicado você julgar um ator que está começando, não existe como compará-lo com um ator já experiente. Você tem de considerar a experiência deles  para poder levar em conta seu trabalho em cena. Então é fato que alguns se destacam mais que os outros e, por vezes, você se perde na interpretação e não percebe a presença de palco. Outros, você percebe a presença em cena, mas esquece de reparar na representação. Quando a peça se torna cansativa, você termina ignorando – ou mesmo esquecendo – de determinado ator que se destacou. Então são vários os fatores para ser jurado e se torna bem complicado quando vemos que poderíamos ter escolhido mais de um, mas tem de prevalecer somente um.

Foi uma experiência renovadora para mim, tanto que me fez voltar a escrever aqui no blog e entrar em contato com pessoas que ainda permanecem ativas no cenário capixaba. Então, novamente, agradeço a Wanderley, Karina e Carolina por essa renovação, esse refresco de novo ar de trabalhos cênicos, de novos estudantes ainda na busca por um fazer teatral.

A arte de atuar – que sempre chamo de “arte marginal” – não morre e novas gerações, novas visões, são introduzidas e trazidas ao público. Sempre vou considerar um pena não vermos nossas mídias e nossas secretarias municipais e estaduais de cultura apoiando e investindo nessa forma de visão teatral, mas é sempre bom lembrar que elas existem e que continuam a lutar e batalhar para que possamos respirar e ter teatro. Que o ECAET perdure por anos e anos – a próxima edição já foi anunciada no final desse festival – e que venha o Festival Nacional de Esquetes do Espírito Santo e tantos outros que dão chance a nossa cultura teatral capixaba de mostrar que existe, e que tem trabalho para mostrar.

2 comentários:

Nicolas ANim disse...

Muitíssimo obrigado André! Foi uma honra tê-lo conosco. Agora você já faz parte da família Ecaet!

CássiaDiascanio disse...

Muito bom te ver André! Seguimos sempre marginais e resistentes na História e no Teatro! Rsrs
Volte aos palcos! E me avise para vê-lo! Vc tem muito a cobtribuir com a cena!