Google Website Translator Gadget

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Leitura Dramática “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade

Praticamente um semana depois da 4ª Edição do Festival Nacional de Teatro da Cidade de Vitória, a cidade ainda fervilha com peças e leituras dramáticas. antes de mais nada, quero dar os parabéns ao espetáculo “O Figurante Invisível”, do Grupo Quintal, que encerrou sua temporada no Teatro Galpão, na fim de semana passado. Um trabalho estupendo, ele levaram ao palco, conosco junto.

Hoje, estréia em Vitória, a peça de Milson Henriques, com roteiro e direção dele, “Muito + Que Amor”, no Teatro do Sesi, e ficará lá durante todo o mês de novembro de 2008. O primeiro texto romântico de Milson Henriques. Enquanto, no Teatro Galpão, retorna a atriz, bailarina e violinista Paula Ferrão, com sua peça “Quando Ando em Pedaços: Notas Sobre Minha Mãe”, que já esteve aqui, uns meses antes do Festival. Mas como eu já falei dessas duas, hoje vou falar do próximo trabalho em conjunto do SESC com a Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Escola de Teatro e Dança Fafi. a Leitura Dramática “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade.

Como sempre, a Leitura Dramática é o resultado de um oficina, oferecida pelo SESC, na Fafi, e os que participaram terão a possibilidade de apresentar o que aprenderam. O texto de Oswald de Andrade foi escrito em 1933, durante o Movimento Modernista, mas só veio ao público em 1967, quando as obras do escritor começaram a ser feitas nos palcos Sua primeira encenação foi pelo Teatro-Oficina de José Celso Martinez Côrrea, servindo como referência de espetáculo-manifesto para os outros gêneros artísticos.

Segue abaixo um release e a sinopse da peça:

Sesc Dramaturgia

Leituras em Cena

fafi-sescCom o objetivo de propiciar o conhecimento, a prática e a democratização das Artes Cênicas, o projeto nacional “Sesc Dramaturgia: Leituras em Cena”, completando agora dez anos de existência, apresenta a Leitura Dramática do texto: “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, considerado um dos grandes escritores modernistas brasileiros. O desenvolvimento desse projeto, em parceria com a Escola de Teatro e Dança Fafi, tem obtido uma ótima repercussão junto ao público e, tanto pela qualidade resultante de uma oficina de preparação e o processo de pesquisa quanto pela realização da leitura, em muito vem contribuindo para a formação de platéia para o movimento do teatro capixaba.

Oswald de Andrade

retrato_de_oswald_de_andrade Nascido em São Paulo, Oswald de Andrade (1890-1954) foi poeta, romancista, ensaísta e teatrólogo. Em defesa da pintura expressionista de Anita Malfatti, tornou-se figura de destaque no Modernismo Brasileiro, além de trazer de sua viagem à Europa as idéias das vanguardas daquele continente, sobretudo as futuristas de Marinetti. Teve intensa participação na Semana de Arte Moderna, lançou o Manifesto Pau-Brasil e fundou a Revista Antropologia. Oswald inaugura uma nova forma de teatro no Brasil, o Teatro Antropofágico (resultado do Movimento Antropofágico, que tinha por objetivo a deglutição da cultura do exterior e dos descendentes das nações que habitam o Brasil), estabelecendo um constante diálogo com outras culturas, outras obras e outros contextos. Fato este que afirma a contemporaneidade como seu traço mais marcante, ou seja, sua obra vai revelar uma inovadora dramaturgia a partir da relação intertextual, social e política da época para assim, refletir as contradições da cultura brasileira daquele momento.

O REI DA VELA

Oswald de Andrade

o-rei-da-vela A proposta de leitura dramática da peça “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, se sustenta – para além da importância de seu sentido estético – como um resgate dessa relevante obra de comemoração dos 40 anos da Tropicália (“movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira” – Wikipedia). “O Reis da Vela”, de Oswald de Andrade, apesar de escrito em 1933, justifica-se – em primeiro lugar – por ser o autor de grandes expoentes do modernismo no Brasil que, diga-se de passagem, é o ponto de partida do movimento tropicalista. Em segundo, foi justamente no apogeu do tropicalismo que José Celso Martinez Corrêa, com o seu Teatro-Oficina, encenou “O Rei da Vela”, considerado o espetáculo-manifesto, que se tornou referência para muitos outros gêneros artísticos como a música, o cinema, as artes plásticas e a literatura.

Wilson Coelho, Outubro/2008

Ficha Técnica

Direção: Luciana Moraes

Iluminação: Edgard Barbosa

Sonoplastia e Trilha Sonora: Murilo Iglesias

Cenário e Figurino: Produção Coletiva

Coordenação de teatro: Wilson Coelho

Foto: Daiana Scaramussa

Realização: SESC/ES e FAFI

Elenco: Carlos Henrique Felberg (Abelardo I); Luciana Soares (Dona Cesarina); Daniel Polt (cliente; Totó Fruta do Conde); Erik Martincues (Americano; Perdigoto); Felipe Piethá (Coronel Berlamino); Ismael Inoch (Pinote Intelectual); Luciana Busatto (Joana (João dos Divãs)); Mell Nascimento (Dona Poloca); Nazaré Xavier (Secretária nº 03); Thiara Pagani (Holisa de Lesbos); Werlesson Grassi (Abelardo II)

O Movimento Modernista

Iniciado em 1922, centrou-se principalmente na literatura e nas artes plásticas. Na década de 1920, entretanto, nada de expressivo aconteceu no teatro. Somente na década seguinte, com a dramaturgia de Oswald de Andrade, é que começava a nascer, efetivamente, o teatro moderno no Brasil. Entretanto, as peças de Oswald ficaram inéditas para o palco até 1967. Em “O Rei da Vela”, percebe-se já a forma irreverente de se tratar das próprias tendências vanguardistas. Tome-se como exemplo a passagem em que o intelectual Pinote (que usava uma faca para darfacadinhas, insto é, pedir dinheiro emprestado) explica para Heloísa que não é mais um escritor adpto do movimento futurista. PINOTE:Cheguei a acreditar na independência… Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não receber me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aqueleinstrumento (mostra a faca) e fiquei passadista”

1. Andrade, Oswald de. O Rei da Vela. 2ª Ed. São Paulo: Globo, 2004. Obras Completas de Oswald de Andrade. p. 58.

Nenhum comentário: