E as cortinas dos teatros – em funcionamento – da cidade de Vitória-ES se abrem no dia 13/10/2008 (segunda-feira) para a 4ª Edição do Festival Nacional de Teatro da capital.
Ontem se iniciou o festival, que nos mostrará trinta e dois trabalhos, tanto na rua quanto no palco, seja alternativo ou semi-arena, contando com leitura dramática e musical. O Grupo Folgazões, que chegou tem pouco tempo de sua viagem as terras geladas da Escandinávia, abriu o festival com seu trabalho “Cantantes e Brincantes”. No elenco Wyller Villaças, Edson Nascimento, Vanessa Darmani e Duílio Kuster. A apresentação foi ao meio dia, ao lado do Teatro Carlos Gomes. E a noite houve a apresentação do espetáculo teatral Gota D’Água, um musical de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes.
Eu a inda estou em êxtase com a apresentação que eu vi. Fica até difícil ser meio imparcial, depois de ver tamanha competência de elenco e equipe em cena.
Vamos começar assim, a peça conta de forma mais nacionalizada a história de Medéia, de Euripídes, uma tragédia grega de 431 A.C.. Medéia era filha do rei Aietes, que traiu por amor a Jasão, concedendo a este o Tosão de Ouro. Medéia era sobrinha de Circe, uma antiga feiticeira da mitologia, por conseguinte também era devota da deusa Hécate, conhecendo magia também. Ela permanece com Jasão, até que este decide desposar a filha de Creonte, Creusa. Quando isso aconteceu, Creonte ordenou a saída dela da cidade que ele reinava Corinto. Pedindo mais um dia, Medéia banhou um vestido em veneno e enviou a Creusa, como presente, pelos filhos. Depois dela experimentar o vestido, foi envolvida por chamas, Creonte indo ao seu socorro, morreu do mesmo mal e todo seu palácio foi destruído. Medeía então sacrificou os filhos no templo de Hera e fugiu num carro puxado por cavalos alados, presente de seu avô, Hélios (o Sol), para Atenas, onde foi recebida pelo rei Egeu.
Chico Buarque e Paulo Pontes pegaram essa tragédia e trouxeram para o cotidiano brasileiro. A primeira apresentação do espetáculo foi em 1975, tendo em seu elenco Bibi Ferreira, Roberto Bonfim e Bete Mendes. Hoje ela chegou a Vitória com elenco renovado. No papel de Joana temos a talentosa Izabella Bicalho, que mesmo com a voz prejudicada, mostrou uma enorme força na sua personagem, descriminada pelo marido Jasão, e banida pelo dono do seu apartamento, Creonte. Ela faz de tudo para se manter, apesar das adversidades. Não posso falar mais sobre o espetáculo, senão conto mais do que devo, mas o cenário é de uma movimentação fantástica. Com oito escadas, eles conseguem fazer movimentações das mais diversas, virando até um altar. Com músicos em cena o tempo todo, a música se faz sentir em cada canção.
O elenco é de um entrosamento fantástico em cena e mesmo as crianças não perdem o foco, participando de cada momento
Hoje (14/10/2008), o espetáculo será reprisado no Teatro Carlos Gomes, no mesmo horário de ontem, mas as pessoas terão mais sorte, já que não terá homenagens antes dos espetáculos.
Falando nas homenagens (que eu esperava para o último dia), receberam hoje o prêmio de homenageados desses anos (Uma réplica da frente do Teatro Carlos Gomes) o diretor teatral Flodoaldo Togneri Viana, cuja história remete desde 1938, quando se iniciou como ator, graças a um antigo amor, e fundou o Teatro-Escola em 1951. A atriz Glecy Coutinho, que já fez os mais diversos trabalhos, dentro do teatro e no cinema. o ator, diretor e produtor Tião Carneiro, que também já fez os mais diversos trabalho em palco ou na frente de uma câmera. E, uma bela homenagem póstuma ao Bailarino, artista plástico, coreógrafo, cenografista, figurinista e músico, Magno Godoy. Antes deles receberem seus prêmios, tiveram uma breve homenagem através de vídeos, muitas vezes emocionantes. Na hora do recebimento dos prêmios, por alguma falha da produção do festival, não foi avisado ao Sr. Flodoaldo Togneri Viana que deveria ser breve no seu agradecimento, fazendo-o ser interrompido abruptamente pelos apresentadores da programação, pior do que isso foi a chuva de vaias do público presente, desrespeitando os apresentadores, que simplesmente responderam: “Um ator está em palco para recebe palmas e vaias, também!”. Triste o fato acontecido!
Mas é isso, assim começou o Festival Nacional de Teatro, que promete nos trazer os mais diversificados espetáculos e apresentações. Não percam um dia, se possível, pois vale à pena prestigiar o teatro, seja do nosso estado ou não!
Agora um release sobre os trabalhos do dia 13/10/2008 e sobre os homenageados:Homenageados do IV Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória
Diretor - Flodoaldo Togneri Viana
Nascido em 1920, o capixaba de Alfredo Chaves estreou no teatro entre 1938 e 1939, como ator, na peça “O Descobrimento do Brasil”. Foi o fundador do Teatro Escola de Vitória, em 1951, ao lado de nomes como Eurico Silva, Dirce de Souza Viana, Izabel Vasconcelos de Souza e Gerson Von Rondow. É considerado um precursor do teatro no Estado.
Pelo Teatro Escola de Vitória, ele levou pelo Brasil peças como "As Mãos de Eurídice (de Pedro Bloch, 1952), "Quem Beijou Minha Mulher?”, “Beijo no Alfalto" e "A Víbora da Cruz”. Na primeira fase de atividades da escola, o grupo de Flodoaldo chegava a fazer em média 15 espetáculos por mês. Suas estréias eram sempre no Theatro Carlos Gomes.
Em 1962, o projeto foi interrompido, mas Flodoaldo Viana não abandonou o teatro. Ele continuou a montar algumas peças infantis nos anos 60, 70 e 80.
Atriz - Glecy Coutinho
Filha de capixabas, nasceu em Aimorés (MG), veio para o Espírito Santo com apenas oito dias de idade. Viveu até os 23 anos em João Neiva, onde é Secretária de Cultura. Por 20 anos trabalhou em veículos de comunicação de Vitória e foi professora do curso de Comunicação da Ufes, onde se aposentou.
Nos anos 60 e 70 atuou em muitas peças de teatro com o grupo “Praça Oito” dirigido por Gerson Von Rondow. Trabalhou também na peça de Plínio Marcos “Navalha na Carne”, em 1968, que foi proibida pela censura. Atuou ainda em peças infantis.
Em 1970 foi dirigida por Flávio Rangel na peça de Pirandello “Assim é se lhe Parece”, com a Companhia de Teatro de Paulo. Sua última atuação em teatro foi em 1982 na peça de Amylton de Almeida “Mamãe Desce ao Inferno”, dirigida por Renato Saudino. Escreveu duas peças de teatro e teve participação em alguns longas.
Ator - Tião Carneiro
Sebastião Carneiro Costa, Emílio Cortes e Tião Carneiro. Todos esses nomes referem-se ao mesmo ator, diretor e produtor. Carioca, veio ainda jovem para o Espírito Santo, e hoje, aos 71 anos, está aposentado e afastado dos palcos.
Ao longo de sua carreira, Tião Carneiro trabalhou em peças como “Beijo no Asfalto” e “O Capitão e a Cobra”. No cinema, participou dos filmes “Lamarca” e “O Amor Está no Ar”. Como diretor esteve à frente do Circo da Cultura, onde durante o dia cedia o espaço ao aprendizado das crianças e, nas apresentações, privilegiava os artistas capixabas, principalmente músicos. Ele trabalhou também como produtor da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo.
Póstuma - Mágno Godoy
Bailarino, artista plástico, coreógrafo, cenografista, figurinista e músico, Magno Godoy foi o artista que, liderando a Companhia de Dança Neo Iaô, rompeu as barreiras da dança capixaba e tornou-se referência em dança contemporânea no Estado.
Dono de uma extensa lista de espetáculos, começou ainda na faculdade quando era diretor cultural do Diretório Acadêmico na Ufes. Sua carreira perdurou por mais de 20 anos. Suas influências vão do teatro mambembe ao balé clássico e resultaram num estilo próprio, que buscava retratar a cultura brasileira.
Peça: Cantantes e Brincantes
Vitória – ES
Sinopse
O espetáculo Cantantes e brincantes é composto por uma série de quadros nos quais a ênfase recai sobre o universo lúdico propiciado pelas musicas de brincadeiras que vão sendo executas em cena. Ritmos como o jongo, o samba e o forró são o pano de fundo para o desfile de personagens como o João bananeira, a Nega Maluca e o Congão – o boneco gigante, transformando a apresentação numa grande festa de homenagem à cultura brasileira
Companhia Folgazões de Artes Cênicas
Figurino, Direção, Produção, Adereços cênicos e sonoplastia: Companhia Folgazões de Artes Cênicas
Elenco: Edson Nascimento, Wyller Villaças, Vanessa Darmani, Duílio Kuster, Sandro Sam
Duração: 40 min
Tel: 27 – 3322-7391 / 9992-6670 (Edson Roberto do Nascimento)
Email: osfolgazoes@hotmail.com
Peça: Gota d'Água
Primeira Página Produções/RJ
Sinopse
Peça inspirada na tragédia "Medéia" de Eurípedes. Em um conjunto residencial chamado Vila do Meio-Dia, localizado no subúrbio de uma grande cidade brasileira, mora Joana, uma mulher corajosa e batalhadora, abandonada pelo marido Jasão, que a trocou por uma menina muito mais jovem e rica. Jasão agora mora na casa do novo sogro Creonte e desfruta seu romance com a jovem Alma e o sucesso do seu samba Gota D’água, que toca em todas as rádios da cidade. A angústia e desespero de Joana, causados pela enorme dor da traição, evoluem ao longo da peça até culminarem no trágico final.
Ficha técnica
Texto: Chico Buarque e Paulo Pontes. Música: Chico Buarque. Direção geral: João Fonseca. Direção musical e músicas adicionais: Roberto Bürgel Cenário: Nello Marrese. Iluminação: Luiz Paulo Nenen. Figurino: Natália Lana. Projeto de sonorização: Branco. Coreografia: Édio Nunes. Preparação vocal: Pedro Lima. Programação visual: Mauro Ventura, André Castro e Chris Baroncini. Fotos: Paula Kossatz. Diretora assistente: Rafaela Amado. Coreógrafa assistente: Mareliz Rodrigues. Assistente de direção: Fabricio Belsoff. Assistente de direção musical: João Bittencourt. Diretor de cena: Dom. Camareira: Érida Ferreira. Operador de luz: Allan Imianowsky. Operador de som: Tiago Silva. Microfonista: Jansen Nunes. Assessoria de imprensa: UM+UM Assessoria e produção. Produção executiva e administração: Gabriela Mendonça. Equipe de produção Primeira Página: Paula Salles, Luciano Marcelo, Olavo Carneiro e Sabrina Abreu. Direção de Produção: Maria Siman. Realização 1ª Temporada: JLM Produções Artísticas e Pablo Sanábio. Realização: Izabella Bicalho e Primeira Página Produções Culturais.
Elenco
Izabella Bicalho, André Arteche, Thelmo Fernandes, Kelzy Ecard, Luca de Castro, Maíra Kestenberg, Renata Celidonio, Jorge Maya, Lorenzo Martin, Letícia Soares. Crianças: Yago Machado, Mariana Rebello, Andressa Toledo. Músicos: Piano - João Bittencourt e Rodrigo De Marsillac. Baixo - Ricardo Reston. Percussão - Júlio Braga. Bateria e Percussão - Roberto Kauffmann.
Tel: 21 – 7839-5196
E-mail: pablosanabio@gmail.com
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