Faz três anos que não venho ao blog Teatro Capixaba publicar
algum material relacionado às artes cênicas. Muito disso foi devido a falta de
material para divulgar e as facilidades das redes sociais.
Não que o Espírito Santo tenha parado de gerar peças
teatrais ou mesmo material sobre teatro, mas sim pela falta de crença que um
espaço como o blog fosse um meio de divulgação dos trabalhos cênicos que
ocorrem no estado. Isso frustra e decepciona muito e também cansa, pois por
mais que eu tenha me afastado dos palcos, eu ainda amo essa arte marginal.
Eu não subo em um palco de teatro desde que o artista
Rodrigo Sabará me convidou para ser o papa Alexandre VI na peça “Lucrécia, o
Veneno dos Bórgia” – que terminou não indo para frente devido a vários
problemas. Cheguei a participar dos trabalhos iniciais de “O Passáro Azul” do
Clã de Teatro e ensaiei, durante um curto período, “Boulevard 83” do Grupo de
Teatro Empório, mas eu não conseguia me ver em um palco mais. Cheguei a fazer
um trabalho cênico na minha Faculdade – porque descobriram que eu tinha
trabalhado com teatro –, mas não foi nada muito sério, somente uma “brincadeira”.
Então o blog surgiu como uma forma de eu divulgar o material
de uma arte que amo, mas que não só me via como público. Não sou um
especialista, mas falar sobre teatro é como falar sobre vida em movimento. No
palco acontecem e são encenados trabalhos que podem refletir a vida de qualquer
um ou pode-se, simplesmente, desenvolver uma fantasia, onde você “viaja”, esquecendo-se
do mundo mundano. E eu gostava – minto, gosto – muito disso. Teatro é respirar
arte e aprender a se distrair e apreciar, com grande apreço, uma forma de se criar.
Por que dessa longa introdução? Pois eu senti um grande
prazer nesse fim de semana ao ser convidado pelas produtoras Karina Assunção e
Carolina Moreira e o produtor – e criador – Wanderley Nicolas Anim (que eu
chamei de Wellington... SHAME!!! (desculpa Wanderley!)) para fazer parte do
corpo de jurados do 5º Encontro Capixaba de Estudantes de Teatro (ECAET).
O festival – posso chamar assim, pois existe escolha e premiação,
não somente apresentação de peças, como ocorre em outro festival do estado –
traz apresentações amadoras de escolas e estudantes de teatro, buscando
aprender cada vez mais com a experiência de palco. Foram cinco apresentações teatrais,
intermediadas por apresentações musicais, que traziam peças antigas e
experimentos cênicos. Um verdadeiro e grande movimento cultural no Teatro
Municipal de Vila Velha.
Uma coisa que se deve destacar é que esse festival não conta
com incentivo cultural ou qualquer apoio das mídias especializadas do estado do
Espírito Santo. É todo feito na raça e na coragem, com os produtores e apoio
técnico correndo atrás de apoios e trabalhando arduamente para que o festival
ocorra. Então, problemas técnicos podem ocorrer e, às vezes, atrapalham o desenrolar,
mas não prejudicam o desenvolvimento.
E, por ser um festival de peças amadoras, com estudantes de
teatro realizando trabalhos cênicos, podemos ver falhas na interpretação e na
técnica, mas sempre somos agraciados por atores que chamam a atenção.
Sempre usei esse espaço para falar abertamente e, como
público de teatro – como me considero nos dias de hoje – poder falar como me
sinto com o que vejo. Então, não vou mentir que me senti um pouco intimidado
com as apresentações, pois é complicado você julgar um ator que está começando,
não existe como compará-lo com um ator já experiente. Você tem de considerar a
experiência deles para poder levar em
conta seu trabalho em cena. Então é fato que alguns se destacam mais que os
outros e, por vezes, você se perde na interpretação e não percebe a presença de
palco. Outros, você percebe a presença em cena, mas esquece de reparar na
representação. Quando a peça se torna cansativa, você termina ignorando – ou mesmo
esquecendo – de determinado ator que se destacou. Então são vários os fatores para
ser jurado e se torna bem complicado quando vemos que poderíamos ter escolhido
mais de um, mas tem de prevalecer somente um.
Foi uma experiência renovadora para mim, tanto que me fez
voltar a escrever aqui no blog e entrar em contato com pessoas que ainda
permanecem ativas no cenário capixaba. Então, novamente, agradeço a Wanderley,
Karina e Carolina por essa renovação, esse refresco de novo ar de trabalhos
cênicos, de novos estudantes ainda na busca por um fazer teatral.
A arte de atuar – que sempre chamo de “arte marginal” – não morre
e novas gerações, novas visões, são introduzidas e trazidas ao público. Sempre
vou considerar um pena não vermos nossas mídias e nossas secretarias municipais
e estaduais de cultura apoiando e investindo nessa forma de visão teatral, mas
é sempre bom lembrar que elas existem e que continuam a lutar e batalhar para
que possamos respirar e ter teatro. Que o ECAET perdure por anos e anos – a
próxima edição já foi anunciada no final desse festival – e que venha o
Festival Nacional de Esquetes do Espírito Santo e tantos outros que dão chance
a nossa cultura teatral capixaba de mostrar que existe, e que tem trabalho para
mostrar.
2 comentários:
Muitíssimo obrigado André! Foi uma honra tê-lo conosco. Agora você já faz parte da família Ecaet!
Muito bom te ver André! Seguimos sempre marginais e resistentes na História e no Teatro! Rsrs
Volte aos palcos! E me avise para vê-lo! Vc tem muito a cobtribuir com a cena!
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